A seguir temos um excerto da obra Os sertões, de Euclides da Cunha, em que foi narrada a Guerra de Canudos.
Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Expugnando palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando cairam seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas? um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais surgiram raivosamente cinco mil soldados.[...]
No dia 6 acabaram de o destruir desmanchando-lhes as casas, 5.200 cuidadosamente contadas.
Antes, ao amanhecer daquele dia, comissão adrede escolhida descobrira o cadáver de Antônio Conselheiro.
Jazia num dos casebres anexo à latada, e foi encontrado graças à indicação de um prisioneiro. Removida breve camada de terra, apareceu no triste sudário de um lençol imundo, em que mãos piedosas haviam desparzido algumas flores murchas, e repousando sobre uma esteiria velha, de tábua, o corpo do "famigerado e bárbaro" agitador.[...]
Desenterraram-lhe cuidadosamente.[...]
Fotografaram-no depois. E lavrou-se ata rigorosa firmando a sua identidade. importava que o pais se convencesse bem de que estava, afinal, extinto aquele terribilíssimo antagonista.
CUNHA, E. Os sertões. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1997. p. 642-4
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