segunda-feira, 6 de julho de 2009

TEXTOS PARA AULA DE EDUCAÇÃO RELIGIOSA

01 - ASSEMBLÉIA NA CARPINTARIA

Contam que na carpintaria houve, certa vez, uma estranha assembléia.

Foi uma reunião de ferramentas para "acertar as suas diferenças".

O MARTELO exerceu a presidência, mas os participantes lhe notificaram que teria que renunciar. A causa? Fazia demasiado barulho: e além do mais, passava todo o tempo "golpeando". O MARTELO aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse expulso o PARAFUSO, dizendo que ele "dava muitas voltas" para conseguir algo.

Diante do ataque, o PARAFUSO concordou, mas, por sua vez, pediu a expulsão da LIXA. Dizia que ela "era muito áspera" no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos. A LIXA acatou, com a condição de que se expulsasse o METRO, que sempre "media os outros, segundo sua medida", como se fosse o único perfeito.

Nesse momento, entrou o CARPINTEIRO! Entrou, juntou o material e iniciou o seu trabalho. Utilizou o MARTELO, a LIXA, o METRO e o PARAFUSO. Finalmente, a rústica madeira se converteu num fino móvel.

Quando a carpintaria ficou novamente só, a assembléia reativou a discussão.

Foi então que o SERROTE tomou a palavra e disse:

"Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o carpinteiro trabalha com 'nossas qualidades', com nossos pontos valiosos. Assim, não pensemos em nossos pontos fracos, concentremo-nos em nossos pontos fortes".

A assembléia entendeu que o martelo era FORTE, o parafuso UNIA e DAVA FORÇA, a LIXA era especial para limar e AFINAR ASPEREZAS, e o metro era PRECISO e EXATO. Sentiam alegria pela oportunidade de trabalharem juntos.

Ocorre o mesmo com os seres humanos. Basta observar e comprovar. Quando uma pessoa busca defeitos em outra, a situação torna-se tensa e negativa; ao contrário, quando busca, com sinceridade, os pontos fortes dos outros, florescem as "melhores conquistas humanas".

É fácil encontrar defeitos, qualquer um pode fazê-lo.

Mas encontrar qualidades... isto é para os sábios!!!

Autor Desconhecido

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02- O VELHO , O MENINO E O BURRO

Iam um velho, um menino e um burro para a feira, os três andando bem devagar. Passaram algumas pessoas e comentavam :

– Que gente boba! Andando tanto, quando podiam ser levados pelo burro !

O velho, então, montou o menino no burro e foi ele mesmo puxando o cabresto. Passaram outras pessoas e disseram:

– Que absurdo ! Um velho tão velho andando e o menino no bem-bom !

O menino desmontou, o velho subiu e foi conduzindo o burro. Outros passaram e disseram:

– Que horror! Um menino tão pequeno andando e o velho descansando em cima do burro!

O velho, então, pôs o menino com ele em cima do burro, e lá foram eles para a feira. Mas, pessoas que iam também pelo caminho resmungaram:

– Como tratam mal um burro magro! Ter de levar tamanho peso!

O velho e o menino desceram do burro e passaram a carregá-lo nas costas. E aí, todos os que passavam riam deles e diziam:

– Mas que burrice! Afinal, para que serve um burro?

Dom Itamar Vian.

''Bebendo nas Fontes do Povo''

.Paulus editora, 1997.

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03 - MACACO ZOMBADOR

Havia um macaco que adorava pregar peças nos outros bichos.

Se via um coelho, puxava-lhe as orelhas e, fugindo, gritava:

– Ó, orelhudo!

Se se encontrava com a girafa, mangava dela, chamando-a de "pescoçuda". Gozava do jacaré que, para ele, era "bocudo"; da coruja, que era "zoiúda"; da raposa, que era "peluda"; do papagaio, que era "linguarudo". Desrespeitava até o rei da floresta, o leão, chamando-o de "cabeludo".

Os animais resolveram, um dia, dar-lhe uma lição. Convidaram o macaco para participar de uma reunião e o leão explicou:

– Na floresta, somos todos diferentes e cada um é um. Esta é a nossa riqueza. Aqui ninguém é mais, ninguém é menos. Somos como Deus nos criou. Se não nos respeitamos, só resta a guerra e não haverá mais paz.

"Sabedoria da vida - histórias que ensinam"

Itamar Vian, Ed. Santuário, pág. 17.

A CARANGUEJA ORGULHOSA

Era uma vez uma carangueja orgulhosa, que punha defeito em todos os animais. Quantas vezes riu-se do jeitão do sapo e de outros bichos desengonçados! Na sua presunção, julgava-se a mais elegante da bicharada.

Acontece que um dia ficou mãe. E, ao ver a filhinha dar os primeiros passos, disse horrorizada:

– Deus do céu, minha filha, isso é jeito de andar? Que coisa feia! Onde aprendeste isso?

Então a caranguejinha respondeu-lhe:

– Como poderia ser eu diferente de nossa família, mamãe?

Dom Itamar Vian.

''Bebendo nas Fontes do Povo''.

Paulus editora, 1997

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04 - A CASA DOS MIL ESPELHOS

Tempos atrás, em um distante e pequeno vilarejo, havia um lugar conhecido como a casa dos mil espelhos.

Um pequeno e feliz cãozinho soube desse lugar e decidiu visitá-lo. Lá chegando, saltitou feliz escada acima até a entrada da casa. Olhou através da porta de entrada com suas orelhinhas bem levantadas e a cauda balançando tão rapidamente quanto podia.

Para sua surpresa, deparou com outros mil pequenos e felizes cãezinhos, todos com a cauda balançando tão rapidamente quanto a dele. Abriu um enorme sorriso e foi correspondido com mil enormes sorrisos. Quando saiu da casa, pensou:

– Que lugar maravilhoso! Voltarei sempre, um montão de vezes!

Nesse mesmo vilarejo, outro pequeno cãozinho, que não era tão feliz quanto o primeiro, decidiu visitar a casa. Escalou lentamente as escadas e olhou através da porta. Quando viu mil olhares hostis de cães que o olhavam fixamente, rosnou, mostrou os dentes e ficou horrorizado ao ver mil cães rosnando os dentes para ele. Quando saiu, pensou:

– Que lugar horrível, nunca mais volto aqui.

"As mais belas parábolas de todos os tempos", vol.1

Alexandre Rangel (Org.), Ed. Leitura, pág.271.

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05 - O GALO

Havia um galo que cantava para fazer o Sol nascer. O galo acordava bem cedo. E dizia a toda a bicharada:

– Vou cantar para fazer o Sol nascer.

Subia no telhado, estufava o peito, olhava para o nascente e soltava seu tradicional canto. Ficava olhando para aquela bola vermelha que começava a aparecer. Voltava para junto da bicharada e dizia orgulhoso:

– Viu, eu falei.

Ninguém duvidava de seu poder. Em cada galinheiro havia um galo que pensava e fazia do mesmo jeito.

Havia um certo terror por causa do poder do galo.Todos deviam obedecer-lhe e segui-lo cegamente. Ninguém podia questionar o poder do galo-rei. Dizia-se:

– Se ele não cantar, não veremos o dia amanhecer.

E todos corriam para fazer o que o galo-chefão mandava.

No entanto, numa certa madrugada o galo-chefão não acordou. Não cantou. O Sol nasceu sem o canto do galo-rei.

Com o rebuliço do galinheiro o galo acordou. E o vivente não sabia o que fazer. Os bichos ao seu redor davam gargalhadas e riam do imbecil e prepotente galo.

O Sol nascia de qualquer forma, com ou sem galo.

Dom Itamar Vian.

''Bebendo nas Fontes do Povo''.

Paulus editora, 1997

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06 - O VELHO , O MENINO E O BURRO

Iam um velho, um menino e um burro para a feira, os três andando bem devagar. Passaram algumas pessoas e comentavam :

– Que gente boba! Andando tanto, quando podiam ser levados pelo burro !

O velho, então, montou o menino no burro e foi ele mesmo puxando o cabresto. Passaram outras pessoas e disseram:

– Que absurdo ! Um velho tão velho andando e o menino no bem-bom !

O menino desmontou, o velho subiu e foi conduzindo o burro. Outros passaram e disseram:

– Que horror! Um menino tão pequeno andando e o velho descansando em cima do burro!

O velho, então, pôs o menino com ele em cima do burro, e lá foram eles para a feira. Mas, pessoas que iam também pelo caminho resmungaram:

– Como tratam mal um burro magro! Ter de levar tamanho peso!

O velho e o menino desceram do burro e passaram a carregá-lo nas costas. E aí, todos os que passavam riam deles e diziam:

– Mas que burrice! Afinal, para que serve um burro?

Dom Itamar Vian.

''Bebendo nas Fontes do Povo''

.Paulus editora, 1997.

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07 - O LEÃO E AS FORMIGUINHAS

Conta a história dos animais que um dia o leão quis dar uma de ditador. Convocou todos os animais para uma reunião geral onde deveriam ser tomadas decisões importantes.

Reunido em assembléia, o único que falou foi o leão. Sua fala foi um decreto:

– Eu sou o rei dos animais e todos deverão estar sob as minhas ordens. Ninguém fará nada sem a minha ordem.

As formiguinhas estavam também na assembléia. Enquanto todos os outros animais acharam que deveria ser assim e aceitaram calados, mesmo resmungando, as formiguinhas começaram a conversar entre elas, buscando um jeito de destruir o poderio do leão.

Um dia, enquanto o leão fazia uma refeição, as formiguinhas começaram a subir pelas suas pernas e foram tomando conta de todo o seu corpo.

As pequenas picadas deixaram o leão nervoso. Começou a correr e a se lançar contra as árvores. As formiguinhas, ajuntando-se sempre mais, tomaram conta do leão, que, cansado, caiu por terra vencido.

Dom Itamar Vian.

'Bebendo nas Fontes do Povo''.

Paulus editora, 1997.

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08 -O melhor e o pior do reino

O rei gostava de experimentar a sabedoria dos seus súditos, o seu grau de disponibilidade e a sua habilidade para conseguir o que lhes ia pedido. Mas gostava também de aprender com todos eles e assim tornar-se cada vez mais sábio.

Um dia chamou um dos seus servidores e disse-lhe:

– Traze-me a coisa melhor que encontres no meu reino.

Passado pouco tempo, o servidor voltou com uma língua numa bandeja de ouro.

– Majestade – disse – a língua é a melhor coisa. Com ela se louva a Deus, os namorados declaram o seu amor, os sábios revelam sua sabedoria, os políticos fazem a paz, as famílias recuperam a harmonia; com a língua cantam as façanhas de vossa majestade, e com sua língua vossa majestade nos dá as suas sábias instruções.

Ao ouvir isto, o rei ficou cheio de curiosidade por saber o que de pior havia nos seus domínios.

Num tempo record, o criado voltou. E oh! surpresa! desta vez também trazia uma língua.

– Majestade, a língua maldiz Deus, perturba ou destrói o amor das pessoas, cria ódios e desconfianças, fere, incita ao crime e até mata. Com a língua destrói-se muito do que vossa majestade faz de bom.

O rei convenceu-se com as razões apresentadas pelos seus servos e ficou muito contente com a sabedoria deles.

FRANCIA, Alfonso

" Parábolas de Hoje",

Paulus,

2ªed., pág.53.

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09 - O PROBLEMA QUE NÃO LHE DIZ RESPEITO

Um rato, olhando pelo buraco na parede, viu o fazendeiro e sua esposa abrindo um pacote. Pensou logo em que tipo de comida poderia ter ali. Ficou aterrorizado quando descobriu que era uma ratoeira. Foi para o pátio da fazenda advertindo a todos:

– Tem uma ratoeira na casa, tem uma ratoeira na casa.

A galinha, que estava cacarejando e ciscando, levantou a cabeça e disse:

– Desculpe-me, senhor Rato, eu entendo que é um grande problema para o senhor,mas não me prejudica em nada, não me incomoda.

O rato foi até o porco e disse-lhe:

– Tem uma ratoeira na casa, uma ratoeira.

– Desculpe-me senhor Rato, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser rezar. Fique tranqüilo que o senhor será lembrado nas minhas preces.

O rato dirigiu-se, então à vaca. Ela disse:

– O que, senhor Rato? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo? Acho que não!

O rato, então, voltou para a casa, cabisbaixo e abatido, para encarar a ratoeira do fazendeiro.

Naquela noite, ouviu-se um barulho, como o de uma ratoeira pegando sua vítima. A mulher do fazendeiro correu para ver o que havia pegado. No escuro, ela não viu que a ratoeira pegou a a cauda de uma cobra venenosa. A cobra picou a mulher.

O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital. Ela voltou com febre. Todo mundo sabe que, para alimentar alguém como febre, nada melhor que uma canja. O fazendeiro pegou seu cutelo e foi providenciar o ingrediente principal.

Como a doença da mulher continuava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la. Para alimentá-los o fazendeiro matou o porco.

A mulher não melhorou e acabou morrendo. Muita gente veio para o funeral. O fazendeiro, então, sacrificou a vaca para alimentar todo aquele povo.

Por isso, da próxima vez que você ouvir dizer que alguém está diante de um problema e acreditar que o problema não lhe diz respeito, lembre-se de que, quando há uma ratoeira na casa, toda a fazenda corre risco.

do livro: "As mais belas parábolas de todos os tempos vol. II"

Alexandre Rangel (org.)

Editora Leitura.

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10 - FAZENDO A DIFERENÇA

Era uma vez um escritor que morava em uma tranqüila praia, próxima de uma colônia de pescadores. Todas as manhãs ele caminhava à beira do mar para se inspirar, e à tarde ficava em casa escrevendo.

Certo dia, caminhando pela praia, ele viu um vulto que parecia dançar. Ao chegar perto do vulto, ele reparou que se tratava de um jovem que recolhia estrelas-do-mar da areia para, uma por uma, jogá-las novamente de volta ao oceano.

– Por que está fazendo isso? – perguntou o escritos.

– Você não vê? – explicou o jovem – A maré está baixa e o Sol está brilhando. Elas vão secar e morrer se ficarem aqui na areia.

O escritor espantou-se:

– Meu jovem,existem milhares de quilômetros de praias por este mundo afora e centenas de milhares de estrelas-do-mar espalhadas pela praia. Que diferença faz? Você joga umas poucas de volta ao oceano. A maioria vai perecer de qualquer forma.

O jovem pegou mais uma estrela na praia, jogou de volta ao oceano e olhou para o escritor.

– Para essa, eu fiz a diferença.

Naquela noite o escritor não conseguiu dormir, nem sequer conseguiu escrever. Pela manhã, voltou à praia, uniu-se ao jovem e, juntos, começaram a jogar estrelas-do-mar de volta ao oceano.

"As mais belas parábolas de todos os tempos", vol.1

Alexandre Rangel (Org.), Ed. Leitura, pág.97.

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11 - ISTO TAMBÉM PASSARÁ

Houve um rei sábio e bom que já se encontrava no fim da vida.

Um dia, pressentindo a iminência da morte, tirou um anel do dedo e chamou seu único filho, que o sucederia no trono.

– Meu filho, quando fores rei, leva sempre contigo este anel. Nele há uma inscrição. Quando viveres situações extremas de glória ou de dor, tira-o e lê o que há nele.

O rei morreu e o filho passou a reinar em seu lugar, sempre usando o anel que o pai lhe deixara.

Passado algum tempo, surgiram conflitos com um reino vizinho que desencadearam uma terrível guerra.

À frente do seu exército, o jovem rei partiu para enfrentar o inimigo. No auge da batalha, vendo os companheiros lutarem e morrerem bravamente, num cenário de intensa dor e tristeza, mortos e feridos agonizantes, o rei lembrou-se do anel. Tirou-o e nele leu a inscrição:

"Isto também passará."

E ele continuou sua luta. Venceu batalhas, perdeu outras tantas, mas no fim saiu vitorioso.

Retornou, então, ao seu reino e, coberto de glórias, entrou em triunfo na cidade. O povo o aclamava.

Nesse momento de êxito, ele se lembrou de novo de seu velho e sábio pai. Tirou o anel e leu:

"Isto também passará."

"As mais belas parábolas de todos os tempos" Vol. 1,

Alexandre Rangel (Org.) Ed. Leitura, Pág. 193

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12 - Educação e TViolência

(Frei Betto)

( . . . )

A educação resulta da confluência da família, da religião, da escola e da mídia. Seu papel é interiorizar valores, padrões e normas de comportamentos, e a ótica pela qual se encara a realidade, a vida, a história. Ocorre que hoje, com a mercantilização crescente da mídia, programas dominicais na TV, que levam ao paradoxismo e imbecilização, o interesse em transformar crianças em consumidoras precoces se sobrepõe ao empenho de incutir-lhe ética, amor ao próximo, cidadania e valores espirituais. O resultado são seres humanos agressivos, inseguros quanto às suas referências, medrosos diante do futuro e dependentes – da família, da droga ou de amizades que são cúmplices em veredas obscuras...

Há pouco, ouvi uma mãe contar que proibira sua filha de participar de uma passeata. No entanto, permite que a menina amanheça em danceterias. Acende o sinal verde para a esfera da evasão e o vermelho para atividades que possam levar à esfera da política – que, como dizia o papa Paulo VI, é “a forma mais perfeita da caridade”, pois a política determina a igualdade ou a desigualdade de direitos e oportunidades numa sociedade.

O caso dos rapazes que, em Brasília, acenderam a pira de nossos preconceitos e queimaram um índio Pataxó, levanta uma pergunta: O que ouviram, em casa, seus pais comentarem sobre índios, mendingos, negros e desocupados ? Acredito que o modo como a família se refere aos demais segmentos da sociedade influi decisivamente na visão que os filhos têm de seus semelhantes. Se uma patroa trata sua empregada doméstica como se fosse uma escrava, não deveria ficar surpresa se sua família demonstra nojo frente a pessoas subalternas e tem vergonha de fazer trabalhos domésticos, como lavar, varrer etc. Os pais são sempre modelos para uma criança.

Um casal comentou comigo que não daria educação religiosa a seus filhos. Deixaria que, na idade adulta, eles escolhessem o que melhor lhes conviesse. Objetei: “Não há neutralidade. Ou vocês educam ou eles serão educados religiosamente pelos programas de TV, que haverão de ensinar-lhes, por outra escala de valores, o que é certo e errado, bem e mal, justo e injusto”.

Às vezes, casais com filhos na adolescência me perguntam o que fazer para despertar neles um mínimo de sensibilidade religiosa. Reajo: “Se tivessem feito essa pergunta, não agora que seu filho tem 16 anos, mas há dez anos, eu saberia responder”. Pois a indiferença para com a vida espiritual não ocorre na vida de uma pessoa acostumada, desde criança, a rezar com os pais antes das refeições, ler e comentar a Bíblia, celebrar como convém as festas litúrgicas, jejuar do consumismo na Quaresma, vivenciar a Páscoa, comemorar o Natal em torno do Menino Jesus e não do Papai Noel.

É verdade que a TV é, hoje, uma máquina de incentivo à violência. Porém, não descarreguemos sobre ela toda a culpa por nossas omissões. Uma boa educação familiar reduz o impacto que ela pode ter sobre as crianças. Pesquisa recente revela que, por ano, uma criança assiste, na TV, cerca de 18 mil assassinatos (telejornais, filmes e desenhos). [veja pesquisa brasileira neste sentido na revista “Diálogo”, outubro de 1997, pág. 43ss. – nota do digitador] Se os pais nunca debatem com os filhos o conteúdo dos programas, é possível que eles se tornem mais vulneráveis. Contudo, quem reage coletivamente a programa da TV ? Quem escreve para os patrocinadores dos programas anti-éticos ? Quem deixa de comprar os seus produtos ?

Muitas vezes, a falta de uma educação melhor dos mais jovens tem como causa principal a omissão dos adultos. Passivos, tornamo-nos cúmplices de tudo o que condenamos nessa cultura hedonista e violenta. Só a consciência de cidadania, a defesa dos direitos humanos e uma efetiva participação na vida social podemos nos salvar de um futuro menos bárbaro.

In: “Diálogo – Revista do Ensino Religioso”Ano II, N°08 (Outubro de 1997), Paulinas, pág.28ss

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