terça-feira, 1 de setembro de 2009

Merkel: Alemanha causou sofrimento interminável na II Guerra Mundial

08:31 | 01 de Setembro de 2009

BERLIM, Alemanha (AFP) - A chanceler alemã Angela Merkel afirmou nesta terça-feira que seu país causou um "sofrimento interminável" ao provocar a Segunda Guerra Mundial, mas também recordou o destino dos milhões de alemães expulsos da Europa Central e Oriental ao fim do conflito.

"A Alemanha atacou a Polônia. A Alemanha iniciou a Segunda Guerra Mundial. Causamos interminável dor no mundo. Sessenta milhões de mortos... foi o resultado", declarou Merkel por ocasião do 70º aniversário do início do conflito.

Merkel também recordou o papel dos alemães que foram expulsos da Europa Central e Oriental na construção da República Federal Alemã (RFA, Alemanha Ocidental) do pós-guerra.

"Também queremos recordá-los", disse.

Entre 12 e 14 milhões de alemães foram expulsos ao fim da guerra das regiões da Europa Central e Oriental onde estavam instalados, em muitos casos há gerações. As expulsões, que provocaram muitas mortes, aconteceram nas regiões da Pomerânia e Silésia, hoje Polônia, assim como na região dos Sudetes, que hoje faz parte da República Tcheca.

Os horrores cometidos pelos nazistas ofuscaram durante muito tempo o sofrimento da população alemã ao fim da guerra.

O projeto de construção em Berlim de um memorial consagrado a eles provocou tensão entre os governos alemão e polonês.

Merkel, nascida em 1954 e criada na comunista Alemanha Oriental, pretende assistir nesta terça-feira às cerimônias de recordação do início da guerra na Polônia, ao lado dos líderes de quase 20 países.


Polêmica

Polônia rejeita tentativa de 'reescrever' história da Segunda Guerra Mundial

Publicada em 01/09/2009 às 09h46m


GDANSK, Polônia - O presidente polonês, Lech Kaczynski, alertou nesta terça-feira contra tentativas de reescrever a história, enquanto quase 20 líderes europeus se reuniam na costa do Báltico para marcar o 70º aniversário do início da Segunda Guerra Mundial.

A Rússia e seus ex-aliados do Leste Europeu estão em atrito por causa do papel exercido em 1939 pelo então ditador soviético Josef Stalin, cujo acordo com a Alemanha nazista permitiu a invasão da Polônia e o início da guerra.

Enquanto os russos se orgulham profundamente da sua vitória sobre as forças de Adolf Hitler em 1945, os poloneses, bálticos e outros dizem que Stalin também foi diretamente responsável pelo início da guerra, ao dividir a Polônia com Hitler e anexar os países bálticos.

"(Precisamos) nos opor às tentativas de escrever de novo a história, de questionar as verdades da Segunda Guerra Mundial, a escala das vítimas do nazismo e também do comunismo totalitário", escreveu Kaczynski no diário polonês Rzeczpospolita.

Ecoando essa ideia, Adam Michnik, que foi dissidente do regime comunista polonês, escreveu na Gazeta Wyborcza que "para nós, como para muitos democratas russos, Stalin foi um criminoso e agressor". "O criador das terras do Gulag (prisões para dissidentes) é inteiramente comparável a Hitler."

Numa cerimônia realizada antes do alvorecer em Westerplatte, na costa do Báltico, onde os alemães dispararam os primeiros tiros no começo da invasão da Polônia, em 1º de setembro de 1939, Kaczynski comparou o assassinato de 20 mil oficiais poloneses pela União Soviética na floresta de Katyn e em outros lugares ao genocídio nazista contra os judeus.

- Qual é a comparação entre o Holocausto e Katyn? Há uma coisa ligando esses crimes, embora sua escala fosse diferente. Os judeus pereceram porque eram judeus, os oficiais poloneses pereceram porque eram oficiais poloneses - disse.

- Não é que a Polônia tenha de aprender as lições da humildade. Não temos razão para isso. Outros têm - os que causaram a guerra - disse o presidente, um nacionalista conservador, em uma reunião de veteranos de guerra e funcionários do governo.

A Polônia quer que Moscou se desculpe pela decisão de Stálin de matar todo um batalhão polonês em Katyn em 1940.

Durante décadas, os russos atribuíram essas mortes aos nazistas, só admitindo a responsabilidade de Stálin após o fim do regime soviético.

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