A VIDA (?) NAS TRINCHEIRAS
A Primeira Guerra Mundial apresentou duas fases bastante nítidas: num primeiro momento, a guerra de movimento, logo seguida, devido ao flagrante equilíbrio entre os dois lados em luta, de uma guerra de posições fixas, em que as trincheiras tornaram-se comuns. Exércitos inteiros, contando com milhares de homens enfiados em trincheiras, separados por alguns quilômetros de distância, passaram longos meses tentando avançar algumas centenas de metros.
A trincheira, verdadeira marca registrada da Primeira Guerra Mundial, é o reflexo do impasse tático, do equilíbrio de forças e da supremacia defensiva. A vida dentro delas, através de relatos de soldados ingleses, franceses, alemães, etc., era um verdadeiro inferno. Ainda hoje, as descrições que nos chegaram causam espanto e horror ante o grotesco do espetáculo.
Os trechos selecionados revelam com clareza o cotidiano marcado pelo medo, pela fome, pelo despero, pela nulidade da vida, em síntese, pela degradação moral a que chegou o ser humano. Mas, em um ou outro relato é possivel, também, perceber que alguma solidariedade, independente da cor da farda que se está usando, ainda sobrou, talvez para lembrar que, apesar de tudo, os homens ainda eram homens.
1.
" A mesma velha trincheira, a mesma paisagem,
Os memso ratos, crescendo como mato,
Os mesmos abrigos, nada de novo,
Os mesmos e velhos cheiros, tudo namesma,
Os mesmo cadáveres no fronte.
A mesma metralha, das duas às quatro,
Como sempre cavando, como sempre caçando,
A mesma velha guerra dos diabos."
(A.A. Milne: Combate no Somme)
2.
"No alto, nas linhas incompletas, os rapazes ficavam a noite toda - tinha caído muita neve e a chuva completou sua evaporação em água. (...) Uma estaca de madeira ajudara a formar uma camada de terra sobre as paredes encharcadas e um homem pode orgulhar-se disso: parecer parte de uma trincheira. A chuva, a chuva impiedosa, ensopando e entorpecendo - e, assim, passa a noite inteira. (...) Acabo de chegar de um lugar onde jazem 50.000 corpos, ossos e arame farpado por toda parte. Os próprios esqueletos embranqueciam se alguém saía pela colina terrivelmente atacada e destroçada. Botas e ossos saindo pelas paredes do abrigo da gente e, no entanto: lá se é feliz."
(Sargento Ernest Broughton)
3.
"Ainda estou atolado nesta trincheira. (...) Não me lavei, nem mesmo cheguei a tirar a roupa, e a média de sono, a cada 24 horas, tem sido de duas horas e meia. Não creio que já tenhamos começado a rastejar como animais, mas não acredito que me tivesse dado conta se já houvesse começado: é uma questão de somenos."
(Capitão Edwin Gerard Venning, França)
4.
"As rações chegam às trincheiras inglesas em pacotes de dez, em mulas, e então são levadas adiante por mulas humanas. Não foi trazida água, mas o gelo, das crateras formadas pela bombas, foi dissolvido para ees fim. (...) Logo passou-se a usar um machado para encher os caldeirões com gelo e obter grandes quantidades de água. Nós a usamos para fazer chá durante vários dias, até que um cara notou um par de botas plantado (...) e descobriu que elas estavam enfiadas em um corpo. (...) Em geral, para dormirmos aquecidos, deitávamos-nos uns junto aos outros, dividindo os cobertores - cada homem levava dois. O frio, no entanto, se mostrou preferível à lama (formada com o degelo). (...) Pelo menos, podíamos nos mover."
5.
"O campo de batalha é terrível. Há um cheiro azedo, pesado e penetrante de cadáveres. Homens que foram mortos no último outubro estão meio afundados no pântano e nos campos de nabos em crescimento. As pernas de um soldado inglês, ainda envoltas em polainas, irrompem de uma trincheira, o corpo está empilhado com outros; um soldado apóia o seu rifle sobre eles. Um pequeno veio de água corre através da trincheira, e todo mundo usa a água para beber e se lavar; é a única água disponível. Ninguém se importa com o inglês pálido que apodrece alguns passos adiante. No cemitério de Langermark os restos de uma matança foram empilhados e os mortos ficaram acima do nível do chão. As bombas alemãs, caindo sobre o cemitério, provocaram uma horrível ressureição. Num determinado momento, eu vi 22 cavalos mortos, ainda com os arreios. Gado e porcos jaziam em cima, meio apodrecidos. Avenidas rasgadas no solo, inúmeras crateras nas estradas e nos campos."
(De Um Fatalista na Guerra, de Rudolf Binding, que serviu numa das divisões da Jungdeutschland.)
O TRATADO DE VERSALHES
A Primeira Guerra Mundial apresentou duas fases bastante nítidas: num primeiro momento, a guerra de movimento, logo seguida, devido ao flagrante equilíbrio entre os dois lados em luta, de uma guerra de posições fixas, em que as trincheiras tornaram-se comuns. Exércitos inteiros, contando com milhares de homens enfiados em trincheiras, separados por alguns quilômetros de distância, passaram longos meses tentando avançar algumas centenas de metros.
A trincheira, verdadeira marca registrada da Primeira Guerra Mundial, é o reflexo do impasse tático, do equilíbrio de forças e da supremacia defensiva. A vida dentro delas, através de relatos de soldados ingleses, franceses, alemães, etc., era um verdadeiro inferno. Ainda hoje, as descrições que nos chegaram causam espanto e horror ante o grotesco do espetáculo.
Os trechos selecionados revelam com clareza o cotidiano marcado pelo medo, pela fome, pelo despero, pela nulidade da vida, em síntese, pela degradação moral a que chegou o ser humano. Mas, em um ou outro relato é possivel, também, perceber que alguma solidariedade, independente da cor da farda que se está usando, ainda sobrou, talvez para lembrar que, apesar de tudo, os homens ainda eram homens.
1.
" A mesma velha trincheira, a mesma paisagem,
Os memso ratos, crescendo como mato,
Os mesmos abrigos, nada de novo,
Os mesmos e velhos cheiros, tudo namesma,
Os mesmo cadáveres no fronte.
A mesma metralha, das duas às quatro,
Como sempre cavando, como sempre caçando,
A mesma velha guerra dos diabos."
(A.A. Milne: Combate no Somme)
2.
"No alto, nas linhas incompletas, os rapazes ficavam a noite toda - tinha caído muita neve e a chuva completou sua evaporação em água. (...) Uma estaca de madeira ajudara a formar uma camada de terra sobre as paredes encharcadas e um homem pode orgulhar-se disso: parecer parte de uma trincheira. A chuva, a chuva impiedosa, ensopando e entorpecendo - e, assim, passa a noite inteira. (...) Acabo de chegar de um lugar onde jazem 50.000 corpos, ossos e arame farpado por toda parte. Os próprios esqueletos embranqueciam se alguém saía pela colina terrivelmente atacada e destroçada. Botas e ossos saindo pelas paredes do abrigo da gente e, no entanto: lá se é feliz."
(Sargento Ernest Broughton)
3.
"Ainda estou atolado nesta trincheira. (...) Não me lavei, nem mesmo cheguei a tirar a roupa, e a média de sono, a cada 24 horas, tem sido de duas horas e meia. Não creio que já tenhamos começado a rastejar como animais, mas não acredito que me tivesse dado conta se já houvesse começado: é uma questão de somenos."
(Capitão Edwin Gerard Venning, França)
4.
"As rações chegam às trincheiras inglesas em pacotes de dez, em mulas, e então são levadas adiante por mulas humanas. Não foi trazida água, mas o gelo, das crateras formadas pela bombas, foi dissolvido para ees fim. (...) Logo passou-se a usar um machado para encher os caldeirões com gelo e obter grandes quantidades de água. Nós a usamos para fazer chá durante vários dias, até que um cara notou um par de botas plantado (...) e descobriu que elas estavam enfiadas em um corpo. (...) Em geral, para dormirmos aquecidos, deitávamos-nos uns junto aos outros, dividindo os cobertores - cada homem levava dois. O frio, no entanto, se mostrou preferível à lama (formada com o degelo). (...) Pelo menos, podíamos nos mover."
5.
"O campo de batalha é terrível. Há um cheiro azedo, pesado e penetrante de cadáveres. Homens que foram mortos no último outubro estão meio afundados no pântano e nos campos de nabos em crescimento. As pernas de um soldado inglês, ainda envoltas em polainas, irrompem de uma trincheira, o corpo está empilhado com outros; um soldado apóia o seu rifle sobre eles. Um pequeno veio de água corre através da trincheira, e todo mundo usa a água para beber e se lavar; é a única água disponível. Ninguém se importa com o inglês pálido que apodrece alguns passos adiante. No cemitério de Langermark os restos de uma matança foram empilhados e os mortos ficaram acima do nível do chão. As bombas alemãs, caindo sobre o cemitério, provocaram uma horrível ressureição. Num determinado momento, eu vi 22 cavalos mortos, ainda com os arreios. Gado e porcos jaziam em cima, meio apodrecidos. Avenidas rasgadas no solo, inúmeras crateras nas estradas e nos campos."
(De Um Fatalista na Guerra, de Rudolf Binding, que serviu numa das divisões da Jungdeutschland.)
O TRATADO DE VERSALHES
Uma vez analisado o idealismo wilsoniano que se traduziu nos Quartoze Pontos, estudados no texto anterior, voltamos nossa atenção às reais condições impostas aos alemães. Sabe-se que a delegação alemã, em Paris, foi tratada, vertualmente, como prisioneira, não tendo sequer participado das negociações que levaram ao Tratado. Ase informado das condições impostas à Alemanha, o chefe de sua delegação recusou-se a assinar o Tratado nos termos em que este se apresentava. Os aliados, então, deram um prazo para que o novo governo alemão (República de Weimar) aceitasse integralmente as cláusulas estipuladas.
Um estudo atento dos vários artigos selecionados nos permite compreender o clima de revanchismo e o desejo de esmagar a nação alemã, consubstanciando-se uma situação, diametralmente oposta, àquilo que fora formulado pelos Quartorze Pontos. Nascia, ali, em Versalhes, o revanchismo alemão.
Artigo 42 - A Alemanha está proibida de manter ou construir quaisquer fortificações, seja na margem esquerda do Reno, seja na margem direita, à oeste de uma linha traçada 50 quilômetros a leste do Reno...
Artigo 45 - Como compensação da destruição das minas de carvão ao norte da França e como pagamento parcial da reparação total devida pela Alemanha, pelos danos resultantes da guerra, a Alemanha cede à França a posse total e absoluta, com direitos exclusivos de exploração, desimpedidos e livres de todas as dúvidas e despesas de qualquer tipo, as minas de carvão situadas na Bacia do Sarre...
Artigo 49 - Na função de depositária, a Alemanha renucia, a favor da Liga das Nações, ao governo do território definido acima.
Ao fim de quinze anos de ter sido posto em vigor o atual tratado, os habitantes do dito território serão chamados a indicar sob que soberania desejam ser colocados...
[Artigo 51, prefácio] - AS Altas Partes Contratantes, reconhecendo a obrigação moral de corrigir o mal praticado pela Alemanha em 1871, tanto aos direitos da França quanto aos desejos da população da Alsácia e da Lorena, separadas de seu país, apesar do protesto solene de seus representantes na Assembléia de Bordeaux, concordam quanto aos seguintes artigos:
Artigo 51 - Os territórios que foram cedidos à Alemanha, de acordo comas Preliminares da Paz, assinados em Versalhes em 26 de fevereiro de 1871 e o Tratado de Frankfurt de 10 de maio de 1871, voltaram ao domínio francês, a partir da data do Armistício de 11 de novembro de 1918.
Serão restauradas as condições do Tratados que estabelecem a delimitação das fronteiras antes de 1871...
Artigo 80 - A Alemanha reconhece e respeitará rigorosamente a independência da Áustria, dentro das fronteiras que podem ser fixadas num Tratado entre aquele Estado e o Aliado Principal e as Potências Associadas; concorda em que esta independência será inalienável, a não ser com o consentimento do Conselho da Liga das Nações.
Artigo 81 - A Alemanha, de conformidade com a ação já realizada pela Potências Aliadas e Assoicadas, reconhece a complta independência do Estado Tchecolosvaco, que incluirá o território autônomo dos Rutenianos, ao sul dos Carpatos. Com isso, a Alemanha reconhece as fronteiras deste Estado, como determinadas pelo Aliado Principal e as Potências Associadas e os os outros Estados Interessados....
Artigo 87 - A Alemanha, de acordo com a ação já adotada pelas Potências Aliadas e Associadas, reconhece a completa independência da Polônia...
Artigo 89 - A Polônia incumbe-se de conceder liberdade de trânsito a pessoas, bens, navios, transportes, comboios e correios em trânsito entre a Prússia Oriental e o restante da Alemanha, atravês do território polonês, inclusive das águas territoriais, e tratá-los pelo menos tão favoravelmente quanto as pessoas, bens, navios, trasnportes, comboios e correio respectivamente de nacionalidade polonesa ou outras mais favorecidas.
Um estudo atento dos vários artigos selecionados nos permite compreender o clima de revanchismo e o desejo de esmagar a nação alemã, consubstanciando-se uma situação, diametralmente oposta, àquilo que fora formulado pelos Quartorze Pontos. Nascia, ali, em Versalhes, o revanchismo alemão.
Artigo 42 - A Alemanha está proibida de manter ou construir quaisquer fortificações, seja na margem esquerda do Reno, seja na margem direita, à oeste de uma linha traçada 50 quilômetros a leste do Reno...
Artigo 45 - Como compensação da destruição das minas de carvão ao norte da França e como pagamento parcial da reparação total devida pela Alemanha, pelos danos resultantes da guerra, a Alemanha cede à França a posse total e absoluta, com direitos exclusivos de exploração, desimpedidos e livres de todas as dúvidas e despesas de qualquer tipo, as minas de carvão situadas na Bacia do Sarre...
Artigo 49 - Na função de depositária, a Alemanha renucia, a favor da Liga das Nações, ao governo do território definido acima.
Ao fim de quinze anos de ter sido posto em vigor o atual tratado, os habitantes do dito território serão chamados a indicar sob que soberania desejam ser colocados...
[Artigo 51, prefácio] - AS Altas Partes Contratantes, reconhecendo a obrigação moral de corrigir o mal praticado pela Alemanha em 1871, tanto aos direitos da França quanto aos desejos da população da Alsácia e da Lorena, separadas de seu país, apesar do protesto solene de seus representantes na Assembléia de Bordeaux, concordam quanto aos seguintes artigos:
Artigo 51 - Os territórios que foram cedidos à Alemanha, de acordo comas Preliminares da Paz, assinados em Versalhes em 26 de fevereiro de 1871 e o Tratado de Frankfurt de 10 de maio de 1871, voltaram ao domínio francês, a partir da data do Armistício de 11 de novembro de 1918.
Serão restauradas as condições do Tratados que estabelecem a delimitação das fronteiras antes de 1871...
Artigo 80 - A Alemanha reconhece e respeitará rigorosamente a independência da Áustria, dentro das fronteiras que podem ser fixadas num Tratado entre aquele Estado e o Aliado Principal e as Potências Associadas; concorda em que esta independência será inalienável, a não ser com o consentimento do Conselho da Liga das Nações.
Artigo 81 - A Alemanha, de conformidade com a ação já realizada pela Potências Aliadas e Assoicadas, reconhece a complta independência do Estado Tchecolosvaco, que incluirá o território autônomo dos Rutenianos, ao sul dos Carpatos. Com isso, a Alemanha reconhece as fronteiras deste Estado, como determinadas pelo Aliado Principal e as Potências Associadas e os os outros Estados Interessados....
Artigo 87 - A Alemanha, de acordo com a ação já adotada pelas Potências Aliadas e Associadas, reconhece a completa independência da Polônia...
Artigo 89 - A Polônia incumbe-se de conceder liberdade de trânsito a pessoas, bens, navios, transportes, comboios e correios em trânsito entre a Prússia Oriental e o restante da Alemanha, atravês do território polonês, inclusive das águas territoriais, e tratá-los pelo menos tão favoravelmente quanto as pessoas, bens, navios, trasnportes, comboios e correio respectivamente de nacionalidade polonesa ou outras mais favorecidas.
udson o blog ta d+ ,esta nos ajudando a estudar
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