Dom João VI - 1808 
João VI de Portugal
Pela  Graça de Deus, Rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e dos Algarves,  d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista,  Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia ... (1815-1825)
Pela  Graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em  África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia,  Arábia, Pérsia e Índia ... 
(1825-1826)
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Ordem:        28.º Monarca de Portugal
Cognome:     O Clemente
Início do Reinado:         20 de Março de 1816
(regente desde 10 de Fevereiro de 1792)
Término do Reinado:      10 de Março de 1826 (9 anos)
Aclamação: 6 de Fevereiro de 1818, Rio de Janeiro, Brasil
Predecessora:       D. Maria I (a louca)
Sucessor:              D. Pedro IV
Pai:   D. Pedro III
Mãe: D. Maria I
Data de Nascimento:     13 de Maio de 1767
Local de Nascimento:     Lisboa, Portugal
Data de Falecimento:      10 de Março de 1826 (58 anos)
Local de Falecimento:     Palácio da Bemposta, Lisboa, Portugal
Local de Enterro:            Panteão dos Braganças, Mosteiro de São Vicente de Fora, Lisboa
Consorte:                        D. Carlota Joaquina de Bourbon (Infanta de Espanha)
Príncipe Herdeiro:        Príncipe D. Pedro (filho)
Dinastia:                      Bragança
D. João VI de Portugal (nome completo: João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís António Domingos Rafael de Bragança; Lisboa, 13 de maio de 1767 — Lisboa, 10 de março de 1826), cognominado O Clemente, foi rei de Portugal entre 1816 e a sua morte. 
Segundo  dos filhos de D. Maria I de Portugal e de seu tio Pedro III, herdeiro  da coroa como príncipe do Brasil e 21º Duque de Bragança após a morte do  irmão mais velho José, Duque de Bragança em 11 de setembro de 1788,  vitimado pela varíola.
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Dom João na adolescência - séc. XVIII
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Entristecido ao saber que iria tornar-se o rei de Portugal, costuma-se dizer que chegou a chorar. 
Tinha 21 anos e até então merecera a educação e as atenções de um secundogênito. 
Foi  sucessivamente senhor do Infantado e duque de Beja, príncipe do Brasil e  duque de Bragança, príncipe Regente de Portugal, príncipe Real do Reino  Unido de Portugal, Brasil e Algarves, rei do Reino Unido de Portugal,  Brasil e Algarves, rei de Portugal e Imperador Titular do Brasil.
Casamento
Em 1785,  casou-se em Madrid por procuração em 8 de maio e em Lisboa em 9 de  junho em pessoa com a infanta Carlota Joaquina de Bourbon, de dez anos,  filha do rei Carlos IV de Espanha e de Maria Luísa de Parma, embora não  consumassem o casamento senão em 1790.
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Dom João e Dona Carlota Joaquina
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Infanta Carlota Joaquina
Baptizada  Carlota Joaquina Teresa Cayetana de Borbon y Borbon, a infanta nascera  em Aranjuez, em 25 de abril de 1775, e morreu no palácio de Queluz em 7  de janeiro de 1830, estando sepultada em São Vicente de Fora.
D. Carlota Joaquina e D. João VI tiveram três filhos e seis filhas.
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Regência
Desde 10 de fevereiro de 1792,  dada a doença mental da mãe, assumiu o poder, assegurando a direção dos  negócios públicos, passando a despachar os decretos em seu nome; sete  anos mais tarde, em 15 de julho de 1799, e até subir ao trono, governou o  país como Príncipe Regente, pois uma Junta Médica reconheceu a  impossibilidade de recuperação de sua mãe.
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Dona Maria I
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Em 16 de dezembro de 1815,  foi Príncipe Regente do Reino Unido de Portugal, Brasil e dos Algarves.  Reviveu a Ordem da Torre e da Espada em 13 de maio de 1808, foi  fundador da Ordem de Nossa Senhora de Vila Viçosa em fevereiro de 1818.
Seu  reinado decorre em época de grandes mudanças mundiais e em Portugal: a  Revolução Francesa e a consequente guerra europeia, o Bloqueio  Continental, a campanha do Rossilhão, a guerra com a Espanha com a perda  de Olivença, as invasões francesas, a transferência da corte portuguesa  para o Brasil (1808-1821), a revolução liberal do Porto e a  independência do Brasil. Foi a derrocada de um mundo e o nascimento de  outro.
Alianças com Espanha
Em 1793,  aliou-se à Espanha no combate à Revolução Francesa, que ameaçava todas  as monarquias européias. Nessa altura, Portugal tomou parte na Campanha  do Rossilhão.
Em 1801,  Napoleão, que reiniciara a luta contra a Inglaterra, e procurava  aliados, convenceu a Espanha a atacar Portugal naquela que ficou  conhecida como a Guerra das Laranjas. Não tendo condições de enfrentar a  coligação Franco-Espanhola, o Príncipe Regente, pediu a paz, prometendo  fechar seus portos à Inglaterra. Contudo, a economia portuguesa estava  profundamente ligada à Inglaterra e também corria o risco de ver seus  portos bloqueados pela poderosa armada inglesa. Ao mesmo tempo, Carlota  Joaquina, fiel as suas origens espanholas, conspirava na corte  portuguesa e procurou, inclusive, tomar a regência. O Príncipe Regente  tentou ganhar tempo, mas em 1806, Napoleão I fez-lhe um ultimato: ou  fechava os portos à Inglaterra ou a França invadiria Portugal.
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Transferência da Corte para o Brasil
Em novembro de 1807,  D. João decidiu pela transferência da corte portuguesa para o Brasil,  evitando ser aprisionado com toda a família real e o governo, tornando  possível manter a autonomia portuguesa a partir do Rio de Janeiro.  Manteve assim também o Brasil em poder de Portugal, embora isto o fez  mais dependente em relação à Inglaterra, com a imposição da abertura dos  portos brasileiros ao comércio internacional e o tratado Luso-Britânico  de 1810, desastroso para a economia portuguesa, embora (ou por isso  mesmo) decisiva para o progresso e a independência brasileira.
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Embarque da Corte Portuguesa rumo ao Brasil
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Embarque  para o Brasil do Príncipe Regente de Portugal, D. João VI, e de toda a  família real, no Porto de Belém, às 11 horas da manhã de 27 de novembro  de 1807. Gravura feita por Francisco Bartolozzi (1725-1815) a partir de  óleo de Nicolas Delariva.
Embarcaram para o Brasil a rainha D. Maria  I, D. João Vi, seus filhos D. Pedro e D. Miguel, sua esposa D. Carlota  Joaquina de Bourbon, suas filhas as infantas Maria Teresa de Bragança,  Maria Isabel de Bragança, Maria da Assunção de Bragança, Isabel Maria de  Bragança, Maria Francisca de Assis de Bragança e Ana de Jesus Maria de  Bragança, ainda estavam as infantas D. Maria Ana Francisca e a viúva D.  Maria Francisca Benedita de Bragança, irmãs da rainha, e o infante Pedro  Carlos da Espanha.
Enquanto isto a França  invadia Portugal, com o apoio de dois corpos de exército espanhóis,  sendo o corpo de exército francês comandado por Jean-Andoche Junot, que  conquistou Lisboa em 30 de novembro de 1807.
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Chegada Dom João a Salvador - Bahia
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Em 22 de Janeiro de 1808,  D. João chegou com a corte a Salvador. Ante as disputas entre a  Inglaterra e a França, chegou a oferecer o casamento de seu filho D.  Pedro de apenas nove anos, com a sobrinha do monarca francês, projeto  que fracassou.
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 Decreto de Abertura dos Portos do Brasil as Nações Amigas
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Na Bahia em 28 de Janeiro de 1808,  decretou a abertura dos portos brasileiros às nações amigas - entre as  quais, evidentemente, a Inglaterra. Aconselhado por José da Silva  Lisboa, que mais tarde fará visconde de Cairú, decretou a abertura dos  portos brasileiros, pondo fim ao Pacto Colonial. Foi o ato que mais  celebrizou seu governo na América portuguesa. Foi a Inglaterra a maior  beneficiada, pois em 1810 se assinou o tratado de comércio e navegação  que fixava em 15% a taxa alfandegária sobre produtos ingleses vendidos  para o Brasil. Grande privilégio, já que os demais países pagavam uma  taxa de 24% e Portugal 16%. Vale lembrar que Portugal nesta época estava  sob ocupação francesa e administrada por um representante de Napoleão. 
Somente em 1816, igualaram-se as taxas inglesa e portuguesa.
Em  março, D. João transferiu-se para o Rio de Janeiro, transformando a  cidade em sede da Monarquia. Ali formou o seu Ministério, aboliu a  proibição da criação de indústrias, atacou e ocupou a Guiana Francesa,  fundou escolas, bibliotecas, etc. Enquanto isso, na Europa, Napoleão  depunha o rei de Espanha e em seu lugar colocava José Bonaparte, seu  irmão.
O documento mais importante no Rio de  Janeiro foi a Carta Régia de 7 de março de 1810, cuja redação se deve a  D. Rodrigo de Souza Coutinho. Em primeiro lugar, sintetiza e justifica  as medidas e compromissos estabelecidos pela corte no Rio, procurando  tranquilizar politicamente os interesses econômicos dos destinatários na  metrópole; em segundo lugar, procura minimizar os efeitos do tratado  luso-britânico de 1810, anunciando um conjunto de providências que  garantiriam o desenvolvimento econômico do reino, sobretudo na sua  componente continental. O texto desemboca na preferência por um modelo  de desenvolvimento centrado na agricultura: a industrialização teria de  ser preterida em benefício de um desenvolvimento agrícola que  assegurasse simultaneamente uma especialização produtiva vantajosa e uma  indução futura de desenvolvimento das manufaturas.
Após  a queda de Napoleão, em 16 de Dezembro de 1815 o Príncipe Regente D.  João elevou o Brasil a reino, por pressão inglesa e para poder sentar-se  entre os plenipotenciários do Congresso de Viena; em 20 de março de  1816, morta D. Maria I, assumiu a coroa como D. João VI, o 27º Rei de  Portugal em 6 de fevereiro de 1818, Rio de Janeiro, dois anos após a  morte de sua mãe. 
Foi o único rei a ser coroado nas Américas.
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Principais Medidas
Decreto da abertura dos portos, 
Biblioteca Nacional do Brasil.
No Brasil, o governo de D. João VI tomou as seguintes medidas:
Liberação da atividade industrial em 1808;
Criação do Banco do Brasil em 12 de outubro de 1808;
Criação da Divisão Militar da Guarda Real da Polícia da Corte (DMGRP) em 13 de maio de 1809;
Autonomia administrativa em 1815;
Permissão de ter imprensa;
Fundação da academia militar, da marinha e de um hospital militar;
Criação da Fábrica de Pólvora (Rio de Janeiro);
Criação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro;
Criação da Academia Imperial de Belas Artes.
Criação da Escola de Cirurgia, em Salvador.
Criação da Academia de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro foi criada em 1808.
Criação da primeira Junta de Comércio, a Real Junta do Comércio.
Criação da Biblioteca Real no Rio de Janeiro cujo acervo foi quase todo trazido de Portugal.
Criação dos Correios.
Criação do Museu Real.
Criação de linhas diretas marítimas entre o Rio de Janeiro e outras capitais do mundo.
Criação da Academia Real Militar (ou Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho
Criação da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios.
Criação da Casa da Moeda.
Criação do Observatório Astronômico.
Instituição do Arsenal Real da Marinha
Criou dois cursos práticos de agricultura, em 1812 na Bahia e em 1814, no Rio de Janeiro.
D.  João VI, pelo decreto de 31 de janeiro de 1818, pagou para que João  Baptista Moncouet, viesse ao Brasil dar aulas de veterinária.
Criação do Real Erário, que, em 1821, mudou o nome para Ministério da Fazenda.
Criação da Impressão Régia, hoje Imprensa Nacional
Criação da Usina de Ipanema nas províncias de São Paulo e Minas Gerais.
Inaugurou o Real Teatro de São João.
Ajudou a financiar uma das primeiras fabricas de tecidos do Brasil.
Estimulou a construção de estradas; os portos foram melhorados.
Incentivou a produção agrícola. 
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 Localizado  à rua 13 de Junho, o antigo Arsenal de Guerra (hoje Sesc Arsenal) foi  criado em 1818, por ordem de Dom João VI, para servir como "um  estabelecimento militar para conserto e fabricação de armas", conforme  determinação da carta-régia, na cidade de Cuiabá - MT.
O açúcar e o algodão, passaram a ser  primeiro e segundo lugar nas exportações, no início do século XIX. Neste  mesmo período surgiu o café, novo produto, que logo passou do terceiro  lugar para o primeiro lugar nas exportações brasileiras.
Patrocinou  a vinda a Missão Artística Francesa (1816), que trouxe ao Brasil nomes  como Joachim Lebreton, pintor, Jean Baptiste Debret, pintor histórico,  Nicolas-Antoine Taunay, pintor de paisagens e cenas históricas, Auguste  Henri Victor Grandjean de Montigny, arquiteto, junto com seus discípulos  Charles de Lavasseur e Louis Ueier, Auguste Marie Taunay, escultor,  Charles-Simon Pradier, gravador, François Ovide, mecânico, Jean Baptiste  Leve, ferreiro, Nicolas Magliori Enout, serralheiro, Pelite e Fabre,  peleteiros, Louis Jean Roy e seu filho Hypolite, carpinteiros, François  Bonrepos, auxiliar de escultura, e Félix Taunay, filho de  Nicolas-Antoine, ainda apenas um jovem aprendiz. Muitos deles trouxeram  suas famílias, criados e outros auxiliares. Pinassi acrescenta ainda os  nomes de Sigismund Neukomm, músico, e Pierre Dillon, secretário de  Lebreton. Seis meses mais tarde, uniram-se ao grupo Marc Ferrez,  escultor (tio do fotógrafo Marc Ferrez) e Zéphyrin Ferrez, gravador de  medalhas.
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Engenho de Cana de Açúcar - Debret
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A  presença da corte no Brasil impulsionou a criação do Reino Unido de  Portugal, Brasil e Algarves, que elevou o status do Brasil a condição de  Reino Único. Posteriormente, o Reino Unido se transformou num  inconveniente a Portugal como metrópole. Quando a corte retornou a  Europa, e tentou fazer com que o Brasil retornasse à condição de  colônia, esta situação gerou tamanho descontentamento que provocou a 7  de setembro de 1822 a  proclamação da independência pelo herdeiro da coroa portuguesa, o  futuro D. Pedro I no Brasil e D. Pedro IV em Portugal, filho do próprio  D. João VI.
Sobre o Reino Unido, diz o historiador Octávio Tarquínio de Sousa em História dos Fundadores do Império do Brasil, volume IX:
A carta de lei de 16 de dezembro de 1816,  elevando o Brasil à categoria de reino unido aos de Portugal e  Algarves, concedeu-nos pacificamente todas ou quase todas as  características de um país soberano. Por outro lado, a presença de D.  João no Brasil concorreu de maneira decisiva para fortalecer a unidade  nacional, posta à prova no momento da revolução do Porto de 1820.
Mesmo  antes da independência, os portugueses da metrópole, prejudicados com a  perda dos mercados brasileiros, voltaram-se contra o rei; em 1820  eclodiu a Revolução liberal do Porto, exigindo, o fim da monarquia  absoluta, a convocação de uma assembléia constitucional e a volta de D.  João. Este, com sua tática de protelar soluções, não respondeu às  exigências. No Brasil existia receio, pois era opinião geral que a volta  do rei poderia significar a retirada do país da autonomia conquistada.
De início o movimento constitucionalista de Portugal repercutiu favoravelmente no Brasil. A ilusão durou todo o ano de 1821. 
O  regime de Reino Unido era solução que em geral satisfazia, salvo um  pequeno grupo anti-lusitano ou mais teoricamente convencido da  superioridade da forma republicana de governo. As grandes figuras  adotaram tal posição, prova disso foi a aceitação do mandato de  deputados por parte de numerosos brasileiros.
Retorno 
de D. João VI a Portugal
Finalmente, em fevereiro de 1821,  tropas portuguesas dos quartéis do Rio de Janeiro amotinaram-se,  exigindo que D. João VI retornasse a Portugal. Houve conflitos e mortes e  só o rei poderia evitar uma guerra civil. Assim, nomeou Regente seu  filho primogênito em 22 de abril de 1821 e quatro dias depois embarcou  para Lisboa. Ao chegar, jurou a Constituição. Já o seu herdeiro, Pedro  de Bragança, no entanto, recusava-se a regressar exclamando, em 9 de  janeiro de 1822, ante instâncias do Senado da Câmara do Rio de Janeiro,  Diga ao povo que fico!. 
Independência do Brasil
A 7 de Setembro de 1822,  Pedro declara a independência do Brasil. Proclama-se Imperador. O  restante do reinado de João VI é passado em tentativas de reversão desta  medida e de pacificação entre os filhos Pedro e Miguel.
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Aclamação de Dom João VI em Lisboa - Portugal
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Governo em Portugal
Contudo,  a constituição jurada pelo rei vigoraria apenas durante alguns meses.  Seguem-se a Vila-Francada em 1823 e a Abrilada em 1824, movimentos  absolutistas encabeçados por D. Miguel.
Vencido  e expatriado D. Miguel, D. João VI consagra os últimos anos do seu  reinado a tentar resolver o problema suscitado para Portugal pela  independência do Brasil e, por altura da sua morte, sonhava ainda com a  reunião dos dois países na pessoa de um só soberano. 
Em 1825,  João VI nomeou Pedro I seu sucessor, apesar da rebeldia demonstrada, na  tentativa de reunir Portugal e Brasil sob a mesma coroa. Porém, nesse  ano, em 29 de Agosto, D. João VI viu-se obrigado a reconhecer a  independência do Brasil e o filho como Imperador do Brasil. Foi-lhe  reconhecido pelo tratado entre os dois países o título honorífico de  Imperador do Brasil, embora não seja usual incluí-lo na relação dos  monarcas do Brasil independente; e a esse título assinou as cláusulas do  aludido tratado de reconhecimento da independência, firmado por  mediação inglesa entre o Brasil e Portugal, pelo qual o Brasil assumiu  dívidas contraídas por Portugal no valor de mais de 2 milhões e meio de  libras esterlinas - contribuindo para desgastar a imagem do pai e do  filho, João VI e Pedro I, aos olhos dos brasileiros.
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Morte de Dom João VI
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Morte de Dom João VI
Faleceu em Março de 1826,  após adoecer por alguns dias. De sua causa mortis, suspeitou-se ter  sido por envenenamento. Recentemente uma equipa de pesquisadores exumou o  pote de cerâmica chinesa que continha as suas vísceras e que se  encontrava enterrado sob as lages da capela dos Meninos da Palhavã no  mosteiro de São Vicente de Fora. Pedaços do seu coração foram  reidratados e submetidos a análises, num estudo dirigido pelo Prof.  Doutor Armando Santinho Cunha, o que veio a comprovar a suspeita de  envenenamento por arsênico. Contam as lendas que o rei fora envenenado  com laranjas colhidas no palácio de Belém. Sabe-se que de fato o rei  comeu laranjas, pois isso consta dos relatórios médicos da época, e só  depois de ter comido tais laranjas é que D. João adoeceu.
Após  o anúncio da sua morte, D. Pedro I do Brasil foi reconhecido pelo  governo vigente como rei de Portugal, como Pedro IV. Acumulou as duas  coroas por poucos dias, o tempo de outorgar uma Carta Constitucional ao  reino europeu e de abdicar em nome de sua filha Maria da Glória, a  rainha Maria II. Para os partidários do seu irmão absolutista, D.  Miguel, porém, o advento de Pedro IV e por conseguinte o de Maria II  seriam considerados ilegítimos, porque D. Pedro, sendo Imperador de uma  potência estrangeira, não tinha quaisquer direitos em Portugal.
O corpo de D. João VI foi embalsamado e levado para o Panteão dos Braganças, no mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa. As  vísceras e o coração acomodados em um pote de porcelana foram  depositados em uma caixa de madeira e enterrados no chão da Capela dos  Meninos de Palhavã, no mesmo mosteiro. 
D. João foi sepultado ao lado de onde viria também repousar a sua polemica esposa.
Diz a obra «Brasiliana da Biblioteca Nacional», Rio de Janeiro 2006, página 208:
«A  trajetória pessoal do monarca, acrescida de numerosas histórias  relativas à sua vida familiar, serve a muitas interpretações. Se existe a  concordância de todos os autores, que se basearam no depoimento  daqueles que o conheceram de perto, quando à sua bondade e afabilidade,  todo o resto é controvérsia. Para uns, era inteiramente despreparado  para governar e covarde. Outros apontavam sua visão de estadista. Teria  sido o agente fundamental de uma inteligente manobra política que  enfrentara a hegemonia napoleônica e resguardara a coroa portuguesa das  humilhações sofridas por outras monarquias européias. Além disso,  garantira a integridade do território ultramarino português, mantendo-se  na plenitude de seus direitos, com a trasladação da corte. E as  transformações políticas e econômicas ocorridas no Brasil de então, onde  as marcas dos grilhões coloniais eram muito visíveis, preparavam o  terreno para a emancipação política, tornando o Brasil «a primeira  monarquia no Novo Mundo».
Auguste de Saint-Hilaire considerava o rei  despreparado para governar (…) e ressaltava a sua bondade inata. Debret  pintava (…) a aparência física desfavorável do real personagem,  ressaltando-lhe também a bondade e afabilidade. Luccock enalteceu o  caráter do rei, reafirmando sua bondade e atenção. Spix e Martius  referem-se aos esforços do governo para a qualificação da mão-de-obra e  desenvolvimento da indústria, além de enfatizar o senso de  responsabilidade política e as preocupações do monarca. São recorrentes  as homenagens a Oliveira Lima como o reabilitador da imagem do monarca.  José Augusto França, professor da Universidade Nova de Lisboa, relata  que D. João foi objeto da primeira caricatura inventariada em Portugal.
O Marquês de Caravelas que em 1826, discursando no Senado por ocasião da morte do Rei disse:
"Nós  todos que, aqui estamos temos muitas razões para nos lembrarmos da  memória de Dom João VI , todos lhe devemos ser gratos, pelos benefícios  que nos fez: elevou o Brasil a reino, procurou por todos o seu bem,  tratou-nos sempre com muito carinho e todos os brasileiros lhe são  obrigados…".
Realeza Portuguesa
Casa de Bragança
Descendência
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Com sua esposa, Carlota Joaquina de Bourbon, infanta de Espanha (1775-1830) teve:
Maria Teresa de Bragança, Princesa da Beira (1793-1874).
Antônio Francisco de Assis de Bragança e Bourbon, Príncipe da Beira nascido em Queluz, 21 de março de 1795 e morto em Lisboa, 11 de junho de 1801.
Maria Isabel de Bragança (1797-1818), casou com Fernando VII de Espanha
Pedro I do Brasil e IV de Portugal, Imperador do Brasil e Rei de Portugal (1798-1834).
Maria Francisca de Bragança (1800-1834), casou com Carlos de Bourbon, Conde de Molina.
Isabel Maria de Bragança (1801-1876)
Miguel I, rei de Portugal (1802-1866)
Maria da Assunção de Bragança, nasceu em Queluz em 25 de junho de 1805, Morreu solteira em Santarem, 7 de janeiro de 1834 (sepultada em São Vicente de Fora).
Ana de Jesus Maria de Bragança (1806-1857) casou com Nuno José de Moura Barreto, 1.º Duque de Loulé.
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Dom João VI
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Títulos
1767-1788: Sua Alteza o Infante D.João
1788-1792: Sua Alteza Real o Príncipe do Brasil, Duque de Bragança
1792-1799: Sua Alteza Real o Príncipe Regente em nome da Rainha
1799-1816: Sua Alteza Real o Príncipe Regente
1816-1826: Sua Majestade Fidelíssima El-Rei
1825-1826: Sua Majestade o Imperador Titular do Brasil
Na Cultura Popular
Dom João VI já foi retratado como personagem no cinema e na televisão:
João Villaret, no filme Bocage (1936)
Manuel da Nóbrega, no filme Independência ou Morte (1972)
Jorge Cherques, na telenovela Dona Beija (1986)
Marco Nanini, no filme Carlota Joaquina - Princesa do Brazil (1995)
André Mattos e Cássio Gabus Mendes (adulto e jovem, respectivamente), na minissérie O Quinto dos Infernos (2002).
Também teve sua efígie impressa nas notas de Cr$ 500 (quinhentos cruzeiros) de 1949.
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Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves
 
A Corte Portuguesa
Rio de Janeiro
Capital do Reino de Portugal, Brasil e Algarves
A Chegada da Família Real
O cenário do espetáculo da Corte no Brasil era o Rio de Janeiro, capital da Colônia que acabava de se abrir para o mundo.
Tinha  ainda as feições rústicas de porto colonial, com suas ruas estreitas e  de terra batida ou calçamento irregular, seus sobrados mal-arejados e  soturnos, sua população tipicamente negra, índia e mestiça e de uma alma  espontânea e festeira.
Mas a  natureza generosa surpreendia a todos os viajantes e aventureiros que  ali chegavam, e que não cansaram de lisonjear a exuberância nativa e  verdejante das florestas, a baía cercada de montanhas que miravam para o  mais azul dos céus, as praias das areias mais brancas banhadas pelo sol  tropical.
À  chegada da comitiva real, o colorido natural foi matizado pelas  infinitas bandeiras, flâmulas e pavilhões das naus que não cessavam mais  de chegar e que congestionavam a bela baía; colorido, também, que  pendia das sacadas dos sobrados, com as colchas de cetim e seda, muitas  vezes mandadas pendurar por decreto; o colorido aromatizado das flores  que se mandavam jogar ao passar a comitiva real para que se disfarçassem  o mau cheiro das ruas onde os dejetos domésticos corriam a céu aberto  ou eram atirados às praias e córregos depois de trazidos em ombro  escravo; colorido, por fim, das velas de cera e das girândulas, lampiões  e fogos de artifício que iluminavam a noite.
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Desfile Real de D. João
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O  Desfile Real sob o pálio de seda carregado por escravos era um  verdadeiro espetáculo de cores e sons, com as inúmeras salvas de canhões  das naus e fortalezas, os incessantes repiques de sinos e salvas de  artilharia, que chamavam a população para os reais festejos. O Rio de  Janeiro de D. João foi uma festa só, com a cara e a alma do povo  brasileiro.
Mas fato é  que a primeira coisa que fizeram o príncipe regente e sua comitiva foi  postarem-se de joelhos diante de um altar improvisado, onde beijariam a  cruz e receberiam as devidas bênçãos. Após todas as aspersões e  purificações, saiu a comitiva procissão rumo à improvisada Sé, na  ocasião a igreja dos pretos do Rosário onde se realizaria a cerimônia de  fundação da nova sede da corte e o ritual do “Beija-Mão”.
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Ritual do Beija Mão
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O Ritual do Beija-Mão
A  mudança do status da cidade do Rio de Janeiro, de capital Colonial a  capital do Reino trouxe alterações profundas, impostas pelas exigências  sociais da vida na Corte. Uma das atividades que compunham a rotina da  vida monárquica era justamente a referida cerimônia do “Beija-Mão”,  através da qual os súditos de Sua Majestade iam lhe prestar homenagem e  mostrar respeito e submissão, e também aproveitar para pedir algum  favor.
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 Todo  esse esforço e motivação dos súditos em se deslocar de suas residências  que, por vezes, ficam a quilômetros de distância da capital, devia  compensar a satisfação dos peregrinos, que podiam, segundo o próprio  Rei, ter a honra de beijar a sua augusta e real mão.
A  fila de vassalos era grande. Todos encasacados aguardavam ansiosos, a  hora de beijar a mão de D. João VI. Tratava-se de um ritual medieval,  composto de uma seqüência de atos, que só confirmava a autoridade máxima  do poder do monarca e tinha suas regras. Primeiro, o vassalo entrava na  fila indiana. Depois, fazia reverência ao mestre de cerimônias e aos  camareiros. Quando chegava diante do rei, dobrava um dos joelhos até o  chão para beijar "a augusta e real mão".  Finalmente, se levantava, fazia outra gesto de reverência e recuava de  costas, virando pelo lado direito, retirando-se da sala.
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Rio de Janeiro 1808
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 A Corte muda a rotina do Rio de Janeiro
Os  transportes para pequenas distâncias aumentam: cadeirinhas, liteiras,  serpentinas e  palanquins são vistos com freqüência no fim do século  XVIII.
As festas populares se aprimoram com a vinda, em 1808, da Família Real Portuguesa para o Brasil, aparecendo o desfile de "carros de idéias",  que seriam um prenúncio dos préstitos carnavalescos. O aspecto geral da  cidade, também, melhorou com as primeiras medidas sanitárias, além de  outras, visando à infra-estrutura urbana: calçamento das Ruas da Vala e  do Cano, aterro de lagoas da zona urbana, isolamento de leprosos num  hospital, construção de um cais, abertura dos primeiros jardins e  praças, iluminação com lampiões de azeite de peixe, construção de  chafarizes, úteis e belos, graças a primeira adutora do Carioca. 
Surgem,  ainda, os primeiros prédios públicos dignos de uma capital, como o  Palácio dos Governadores (o Paço Imperial na Praça Quinze de Novembro), o  Palácio Episcopal, no Morro da Conceição, o Senado da Câmara (no mesmo  local onde hoje está o Palácio Tiradentes), a Casa do Trem  (posteriormente Arsenal de Guerra, hoje Museu Histórico Nacional), o  Arsenal da Marinha, o Hospital Militar e vários quartéis de Infantaria,  Artilharia e Cavalaria.
Muitas  igrejas se erguem, como a do Carmo (na Praça Quinze de Novembro) e a de  São Francisco da Penitência (ao lado do Convento de Santo Antônio).  Capelas e pequenas ermidas de séculos anteriores se transformam em  imponentes templos.
A população  aumenta, o comércio se expande, o porto melhora. O café começa a ser  cultivado no Rio de Janeiro e, segue o seu caminho pelo Vale do Paraíba.  A cidade, porém, não perde suas tradições provincianas: horas  anunciadas pelos badalos de sinos, relógios de sol, comemorações  religiosas, procissões promovidas com aparato pelas irmandades rivais,  casas sem venezianas, poucos divertimentos para as mulheres. Assim, com  cerca de 50.000 habitantes, o Rio de Janeiro chega ao final do século  XVIII, e inicia o século XIX.
A cidade  recebeu muitos melhoramentos no século XIX. Se compararmos à pequena  capital da Colônia encontrada por D. João, com a extensa cidade deixada  por D. Pedro II, veremos que muitas diferenças se faziam notar, a  começar pelos limites da parte urbana que eram bem outros. Enquanto no  alvorecer do século XIX, no tempo dos Vice-Reis, o núcleo urbano atingia  apenas o Campo de Santana - ainda um simples terreno baldio, sem  jardins - no final do mesmo século a urbanização do Centro ultrapassava o  Largo do Rossio Pequeno, depois Praça Onze de Julho e, fazia-se  necessária a drenagem dos pântanos que atingiam São Cristóvão, através  do Canal do Mangue.
A  evolução dos transportes coletivos, o trem e o bonde assinalaram o  desenvolvimento dos subúrbios e dos novos bairros residenciais, antes  sertão da cidade.   
O  abastecimento de água domiciliar que obrigou o governo a captar novos  mananciais fluminenses, também, possibilitou a fixação de uma população  mais numerosa.
A  iluminação a gás, a partir de 1854, depois a implantação da  eletricidade, foram fatores importante na transformação do Rio de  Janeiro com a vinda da Família Real.
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Tio de Janeiro - 1820
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A Cidade
A  área ocupada pela cidade era pequena, limitada por pântanos, pela mata  fechada e, um pouco além, pelos morros. As ruas eram sujas, pois não  havia limpeza pública. As casas eram pequenas, baixas, sem requintes de  arquitetura, sem comodidades nem luxos e contavam com pouquíssimos  móveis. Na maioria delas senta-se em esteiras e usavam-se rede para  dormir; a iluminação era feita com lamparinas de óleo de baleia. As ruas  eram ocupadas principalmente pelos escravos, constituíam um terço da  população, que eram artesões (sapateiros, ferreiros, alfaiates etc),  vendedores ambulantes, carregadores e aguadeiros(iam os chafarizes  buscar a água que descia do aqueduto da Lapa, pois não havia água  encanada nas casas). As lojas que vendiam a varejo tinham de tudo um  pouco e não eram muitas. A maior parte do comércio era atacadista. Havia  poucos estabelecimentos que serviam refeições e também eram poucos os  bailes.
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D. João VI o Rei
As  comemorações dos 200 anos da chegada da Corte Portuguesa ao Brasil,  colocam D. João VI no centro das discussões, ensejando opiniões diversas  sobre a figura irreverente, caricata e historicamente controversa do  fundador desta nação. É inegável o bem que fez ao desenvolvimento  econômico e cultural do Brasil quando aqui instalou a sede do reino.
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Com  a Corte, chegou a livraria real, precursora da Biblioteca Nacional.  Veio a instalação da Imprensa Régia, abriram-se os portos e iniciaram-se  os cursos de medicina na Bahia e no Rio de Janeiro. Fundou-se o Banco  do Brasil e criou-se o Jardim Botânico. E o povo passou a ter mais  liberdade de expressão. Começavam os pressupostos que preparavam o  Brasil para a Independência.
Apesar  disso, a imagem de D. João VI nunca se livrou de uma imagem caricata,  de um melancólico comedor de frangos, alheio às questões de Estado,  amargurado pelos desvaneios da mãe D. Maria I, a infidelidade e as  intrigas políticas da Princesa Carlota Joaquina. Um Rei intitulado como  tolo, vacilante, inseguro, medroso que deixou para a última hora a  decisão de partir para o Brasil. Medida que, de uma certa forma, reflete  uma estratégia esperta que lhe salvou o Reino, ou apenas uma fuga  covarde diante das tropas de Napoleão?
Com  seu caráter indeciso e medroso, D. João não pode ser confundido com um  rei covarde. Em situações de desvantagem, perante um inimigo muito mais  poderoso, a retirada pode ser considerada uma decisão sábia.
É  importante também considerar sobre a resistência que opôs ao  absolutismo com que conviveu, encarnado nas figuras da ambiciosa esposa  Carlota Joaquina e do filho D. Miguel. Governou com vários ministros  influentes, mas nunca entregou o poder a um só. 
D.  João desconfiava sempre de tudo e de todos; e se era indeciso, por ser  fraco e inexperiente, era-o também por esperteza ou dissimulação.
Foi  certamente pela ousadia de sua administração que D. João soube combinar  bondade, inteligência e senso prático para se tornar um rei sagaz,  insinuante e precavido, afável e pertinaz. D. João VI foi sem dúvida  alguma um rei popular por sua simpatia e ter tido a sabedoria em  conquistar o coração do povo.
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Dona Carlota a Princesa do Reino Tropical
Era uma vez...
Uma  pequena princesa chamada Carlota Joaquina de Bourbon e Bourbon que  vivia no Reino de Espanha com toda a sua família. Seu avô era o rei e  ela gostava muito dele e tinha muito respeito por ele.
Carlota  tinha 10 anos e era uma menina muito alegre, inteligente e sagaz,  contudo tinha temperamento forte, era muito orgulhosa, vingativa e se  achava muito bonita e formosa. Ai de quem a contrariasse!
Um dia a promessa de casamento com um príncipe português separaria Carlota de sua família.
Numa  certa noite a festa de despedida chegou. Muitos convidados nobres,  muita comida, muita bebida, muita música e dança para celebrar a união  dos reinos de Espanha e Portugal. 
 No  dia seguinte, Carlota Joaquina já estava preparada para a viagem, mas  muito triste em deixar para trás a sua família, principalmente o seu avô  - o Rei de Espanha - a quem ela amava. 
A Infanta Carlota viajou por vários dias em companhia de sua serviçal Francisca, em quem a família depositava muita confiança. 
No  encontro com o príncipe a quem ela  foi prometida,  Carlota ficou muito  desapontada com a aparência  do nobre Infante que pensava ela  ser  encantado.
A  partir daí, a vida da princesa que tinha sonhos mudou. Ela tornou-se  bem diferente daquelas dos contos de fadas - sem encantos e, sobretudo,  gananciosa, infiel e vingativa.
Texto baseado no Filme Carlota Joaquina de Carla Camurati.
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 A Mesa da Corte Portuguesa no Brasil
A  Corte Portuguesa, mesmo instalada no Brasil, ainda conservou os hábitos  e costumes peculiares que trouxera de Lisboa, principalmente no que se  refere à alimentação:
Pela manhã desjejum às 07:00h,
Almoço às 10:00h, 
Jantar às 17:00h,
Às 20:00h, a Ceia de Chás e Bolos.
D. João VI  ficou conhecido pela sua mania de comer frangos. Um verdadeiro glutão, o  rei não saia da mesa antes de destroçar, pelo menos, três deles com pão  de alho torrado.
A mesa da  Corte Portuguesa era muito farta de preciosidades salgadas e doces. E a  Família Real sabia, nas horas das refeições, saborear um bom vinho ou um  apetitoso licor. As refeições reais eram sempre um verdadeiro banquete  com certo exagero.
Dentre os  pratos preferidos pela Família Real no almoço ou no jantar, além do  frango, também estão bacalhau, carne de vitela, chouriço, lombinho e  costeleta de suíno ou ovelha, pato, perdiz, batatas e verduras. As  sopas, cremes ou caldos de aspargos, cebolas ou queijo eram servidos  como entrada.
Os doces  eram uma tentação, a maioria feita a base de gemas: papos de anjo,  chuviscos e creme de confeiteiro. Outras delícias também compunham a  sobremesa e as mesas de chá do Palácio Real, biscoitinhos de nata,  bolinhos de chuva, docinhos de nozes e amêndoas, sonhos, bom bocados,  madalenas, brevidades, pãezinhos doces, arroz doce, mingaus, tortas de  maçã ou pêra e compotas de marmelo e pêssego.
Carruagem ou Liteira – Passeio pela Corte
O  enfoque é no Rio de Janeiro do século XIX, onde o uso de cadeirinhas,  berlindas, serpentinas e carruagens foi amplamente disseminado a partir  da chegada da Corte Portuguesa, em 1808, mas o estilo variava conforme  as posses do proprietário. Os mais ricos encomendavam modelos mais  luxuosos e confortáveis. O transporte de pessoas mais usado era o de  montaria (cavalos e burros). Com a chegada da corte, as pessoas passaram  a usar com mais freqüência veículos de rodas puxados por animais, como  as seges e carruagens. Esse tipo de veículo era o preferido em ocasiões  especiais, como festas de casamento, bailes na corte, ou para percorrer  distâncias maiores. 
As  liteiras e as cadeirinhas de arruar, ou seja, de andar nas ruas, também  se tornaram comuns, usadas principalmente pelas mulheres. Essas  cadeirinhas, carregadas por escravos trajando libré, variavam dependendo  do tamanho e da posse financeira das pessoas; eram acortinadas e tinham  paredes ornamentadas com tecidos luxuosos estampados e bordados. Eram  usadas para passeios de pouca distância.
Transportes na Corte
Os  princípios dos serviços de transporte coletivo na Corte do Rio de  Janeiro estão ligados a um fato deveras curioso: a cerimônia do  beija-mão, quando da estadia de D. João VI no Brasil. A mudança do  status da cidade, de capital colonial a capital de um reino trouxe  alterações profundas, impostas pelas exigências da vida na corte. Uma  das atividades que compunham a rotina da vida monárquica era justamente a  referida cerimônia, através da qual os súditos de Sua Majestade iam lhe  prestar homenagem e mostrar submissão, e também aproveitar para pedir  algum favor.
Quando  o rei se deslocava para a fazenda de Santa Cruz, a corte o acompanhava,  e muitos de seus súditos — que podiam — realizavam a peregrinação até  este local, para render homenagem ao soberano. Entretanto, para aqueles  que não dispunham de meios próprios de locomoção, essa tarefa tornava-se  quase impossível. Aproveitando-se dessas circunstâncias, Sebastião  Fábregas Surigué solicitou à Sua Majestade, e conseguiu obter, em 1817, a  concessão para a exploração de um serviço de coches e seges entre a  cidade e Santa Cruz, e também para a Quinta da Boa Vista. A viagem para  Santa Cruz levava muitas horas. As diligências saíam do Largo de S.  Francisco às 4 da manhã, e de Santa Cruz às 5 e meia da tarde, chegando  ao Centro de volta às 10 e meia da noite. Todo esse esforço, porém,  devia compensar a satisfação dos peregrinos, que podiam, segundo o  próprio Rei, “ter a honra de beijar a minha augusta e real mão”. Apesar  da motivação para uma tal viagem, que hoje em dia poderíamos considerar  como fútil — mas que certamente as pessoas do tempo não achavam — esse  fato motivou a criação do primeiro serviço de transporte coletivo no  Brasil, até então inexistente, e por isso deve ser considerado um marco,  um princípio nesse ramo.
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    Aquaduto da Carioca - 1800
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O Lazer na Corte
O  passeio público e o aqueduto da Lapa eram praticamente os únicos  lugares para onde a população ia a passeio aos domingos ou nas noites  quentes; não havia outras praças ou parques na cidade e eram poucas as  diversões. O único teatro era pequeno, velho, mal iluminado e trazia  espetáculos amadores, assistidos, em geral por um público impaciente. A  distração mais comum entre os homens era ir, pouco antes do jantar, até  as bodegas para prosear, beber e jogar gamão. As mulheres de maiores  recursos saíam muito pouco, em geral, em companhia de suas mucamas, para  fazer compras, freqüentar missas e festas religiosas, cobrindo-se com  pesadas mantilhas e xales.
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Theatro São João
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 As  festas, aliás, eram a grande diversão da população de toda a Corte.  Havia muitos dias santos e festas religiosas, além das festas populares,  como as folias de reis, a queima de judas e as encenações históricas.  Existiam também as festas promovidas pela monarquia: saraus, bailes,  casamentos, batizados ou eventos políticos.
A Moda na Corte do Rio de Janeiro
Com  a chegada da Corte ao Rio de Janeiro, o cenário da cidade passou a ter  um perfil mais glamuroso, visto que a moda européia veio também a bordo  das naus.
A  rotina social do carioca foi ganhando uma cara bem diferente da que se  estava acostumada a ver - turbantes faziam a cabeça das mulheres  (influência da moda do "piolho a bordo), os mais favorecidos trouxeram  para a nova sede da Corte mais brilho, bom-gosto, suntuosidade que  movimentavam os salões de sarau, casas de ópera, a inauguração de  teatros confeitarias e lojas de artigos chiques. Tudo isso retratava a  ostentação, o luxo e a distinção da posição social dos mais  privilegiados, contrastando com a sobriedade, simplicidade e a pobreza  que também estampavam toda a paisagem urbana.
Na moda feminina,  o estilo greco-romano dominava, estilo este trazido da França. Eram  vestidos leves, sem armações, de cintura alta, meias e sapatos baixos à  mostra e decotes ousados. Como acessórios, as mulheres combinavam os  colares simples com pingentes de camafeus e xales hispânicos ou  orientais por sobre os decotes. As mulheres que preferiam o estilo mais  clássico preferiam os vestidos de tecidos coloridos, com muito brilho e  adornado de passimonarias, rendas e bordados. 
Na moda masculina,  ainda era preferência dos homens os calções tradicionais até o joelho,  as longas meias de malha à mostra, combinados com elegantes túnicas ou  casacas e sapatos ao estilo luisiano. As golas das casacas eram altas  para salientar o pescoço, enrolados em lenços ou gravatas coloridos de  seda ou de renda. As perucas  ao estilo Luis XV  eram a grande sensação e  o charme.
Contudo, no  decorrer do século XIX, a moda masculina foi perdendo muitos dos  acessórios e o colorido, passando a um estilo mais sóbrio, com cores  mais escuras e cabelos curtos ao natural.
Já a moda  feminina caminharia num sentido oposto, perdendo toda a sua leveza com o  retorno dos tecidos pesados e brilhantes, adornados de passimonarias,  bordados, rendas e muito brilho o uso do espartilho e o excesso de  acessórios como jóias, pedrarias, leques e tiaras.
                        
Rio de Janeiro e a importação pelo Porto da Coroa 
O  porto do Rio de Janeiro era o maior do Brasil, onde chegava grande  parte das importações, principalmente escravos e manufaturas, que era  distribuídas pelas capitanias, e onde se concentravam as mercadorias  vindas do interior para serem exportadas. Bahia e Pernambuco exerciam  essa função em grau menor ao norte. 
A  circulação interna de produtos de subsistência também passava quase  sempre pelo Rio de Janeiro: farinha de mandioca, milho, arroz, feijão,  carne seca, peixe salgado, aguardente e madeiras de construção eram mais  comercializadas. 
A  cidade era capital mais no nome do que de fato, pois, apesar de sua  posição econômica não tinha preponderância as demais cidades da colônia,  nem se quer era mais rica, aliás, luxo e aparência ficava longe na  cidade de Salvador. Somente a vida da Corte tornaria Rio de Janeiro o  centro da colônia.
                        
Expressões trazidas para a Língua Portuguesa 
pela Corte em 1808
Contribuições que a Corte Portuguesa deixou como herança na nossa cultura lingüística e popular:
DEIXAR AS BARBAS DE MOLHO - Ficar de sobreaviso, acautelar-se, prevenir-se. 
- Ter a  barba cortada por alguém representava uma grande humilhação. Essa idéia  chegou aos dias de hoje. Um dito popular português diz que "quando você vir as barbas de seu vizinho pegar fogo, ponha as suas de molho". 
Todos devemos aprender com as experiências dos outros.
FALAR PELOS COTOVELOS - Falar demais. 
Surgiu do costume que as pessoas, muito falantes, têm de tocar o interlocutor no cotovelo a fim de chamar mais a atenção.
CUSPIDO E ESCARRADO - Uma pessoa é muito parecida com outra.  
A origem do ditado vem da expressão: "esculpido em Carrara".  A frase é uma alusão à perfeição das esculturas de Michelangelo, pois  Carrara é um mármore da Itália e foi bastante usado por ele. Algum tempo  atrás, em Lisboa, significava fazer bustos de pessoas famosas em  carrara, o mais chique dos mármores, ou seja, fazia uma cópia perfeita  da fisionomia da pessoa.
À BEÇA - Muito, em grande quantidade.  
Na Corte  Portuguesa, havia um comerciante rico chamado Abessa, que adorava  ostentar roupas de luxo. Quando alguém aparecia fazendo o mesmo,  dizia-se que ele estava se vestindo à Abessa, ou seja, como o  comerciante. Virou sinônimo de abundância, exagero.
PODE TIRAR O CAVALO DA CHUVA - Pode esperar que vai demorar. 
No interior  de Portugal o meio de transporte mais utilizado era o cavalo. Além de  não enguiçar nem parar por falta de combustível, o cavalo tem a vantagem  de deixar clara a intenção do visitante na chegada. Se ele amarrava o  bicho na frente da casa, sinal de permanência breve; se levava para um  lugar protegido da chuva e do sol, podia botar água no feijão que o gajo  ia demorar. Depois o sentido da expressão se ampliou para desistir de  um propósito qualquer.
OVELHA NEGRA DA FAMÍLIA - Filhos que não têm bom comportamento. 
A história  dessa frase nasceu do milenar trabalho de pastoreio. Em todo o rebanho  há um animal de trato difícil, que não acompanha os outros. Cuidando das  ovelhas, protegendo-as dos lobos, providenciando-lhes os melhores  pastos, o pastor não evita, porém, que uma delas se desgarre. É a "ovelha negra".  Por metáfora, a frase passou a ser aplicada nas famílias e em outras  comunidades, a filhos ou a afiliados que não têm bom comportamento.
BATEU AS BOTAS - Morreu. 
Esta frase é uma variante das tradicionais "Esticou as canelas", "Abotoou o paletó", "Partiu desta para melhor".  O curioso, porém, é que se aplica apenas ao morto adulto, do sexo  masculino, que tenha o costume de andar de botas ou ao menos calçado. O  sapato tem sido símbolo de qualificação social ao longo de nossa  história. Provavelmente bate as botas ao morrer alguém de certas posses,  ao menos remediado. Outros mortos apenas esticam as canelas ou partem  desta para melhor.  Dependendo da herança, sua partida é mais favorável  para quem ficou. As origens da frase residem no bom trato despedindo aos  mortos, posto arrumado no caixão, com o paletó abotoado.
CONVERSA MOLE PARA BOI DORMIR - Assunto sem importância. 
Esta frase  nasceu quando o boi era tão importante que dele só não aproveitava o  berro. Tratado quase como pessoa, com ele os pecuaristas conversavam,  não, porém, para fazê-lo dormir. Nas touradas, quando o boi ainda é  touro, até sua fúria compõe o espetáculo.
DEU DE MÃO BEIJADA - Entrega espontânea. 
Esta frase  nasceu do rito empregado nas doações ao Rei ou ao Papa. Em cerimônia de  beija-mão, os fiéis mais abastados faziam suas ofertas, que podiam ser  terra, prédios e outras dádivas generosas.
INÊS É MORTA - Não adianta mais. 
Personagem histórica e literária, celebrada em Os  Lusíadas,  de Luís de Camões (1524-1580), Inês de Castro (1320-1355) teve um caso  com o príncipe Dom Pedro (1320-1367), com quem teve três filhos. Por  reprovar o romance, a casa real condenou a dama castelhana que vivia na  corte portuguesa à morte por decapitação. Ela literalmente perdeu a  cabeça por um homem. Quando já era o oitavo rei de Portugal, Dom Pedro  deu-lhe o título de rainha. Mas àquela altura logicamente isso de nada  adiantava: Inês já estava morta. A frase passou a significar a  inutilidade de certas ações tardais.
MISTURAR ALHOS COM BUGALHOS - Frase que sintetiza confusão. 
Frase de uso  corrente na linguagem coloquial desde os tempos dos primeiros cultivos  do alho, erva de que se aproveita o bulbo, principalmente como tempero.  Os namorados, entretanto, procuram evitar pratos com tal condimento, já  que o beijo fica mais adequado ao trato com vampiros e não com os  amados, dado ao cheiro pouco agradável advindo de sua metabolização no  organismo.
VÁ PENTEAR MACACOS - Não incomode, vá para longe. 
Esta frase, proferida como ofensa, é adaptação de um provérbio português: "Mau grado haja a quem asno penteia".  Na tradição de Portugal, pentear burros e jumentos seria tarefa menor,  quase desnecessária. Provavelmente o verbo significava escovar.
RASGAR SEDA - Elogiar exageradamente. 
Sinônimo de  elogios exagerados, tem origem numa situação na qual um vendedor de  fazendas vai à casa de uma moça para cortejá-la e, como pretexto,  oferece-lhe alguns panos "apenas pelo prazer de ser humilde escravo de uma pessoa tão bela". Retruca a moça: "Não rasgue a seda, que esfiapa-se".
É DE TIRAR O CHAPÉU - É muito bom.  
Tem origem  nos cumprimentos que podiam ser feitos com um toque na aba; erguendo-o  um pouco, sem retirá-lo da cabeça; tirando-o inteiramente ou fazendo-o  roçar no chão, quase como uma vassoura, tudo dependendo da importância  social de quem era saudado.
QUINTOS DOS INFERNOS - Amaldiçoar alguém ou local muito longínquo. 
Uma corrente  (com variantes, é claro) associa o termo quintos ao imposto de 20%  cobrados pela coroa portuguesa sobre todo o ouro fundido no Brasil.  Falava-se em quintos mais ou menos como hoje ainda se fala em décimas,  no sentido tributário. Por causa da antipatia que os brasileiros e os  portugueses colonos sentiam por esse tributo, teria sido agregada a  locução "dos infernos", ficando então completa a expressão. Outra corrente volta-se para Quintos, uma das freguesias de Beja, em Portugal. Como  estava situada, na Idade Média, no limite do território português, a  localidade era alvo constante das investidas dos chefes árabes que  dominavam grande parte da Península Ibérica, o que tornava infernal a  vida nessas paragens. Daí teria vindo o hábito de arrenegar os desafetos  e inimigos, mandando-os para "os Quintos dos infernos".
AMA-SECA - Babá. 
O termo  surgiu na época da escravidão e correspondia à escrava que não  amamentava. A escrava que dava de mamar era chamada de ama-de-leite.
A EMENDA SAIU PIOR DO QUE O SONETO - O conserto ficou pior que o original. 
Querendo uma  avaliação, certo candidato a escritor apresentou soneto de sua lavra ao  poeta português Manuel Maria Barbosa do Bocage (1765-1805) pedindo-lhe  que marcasse com cruzes os erros encontrados. O escritor leu tudo, mas  não marcou cruz nenhuma, alegando que elas seriam tantas que a emenda  ficaria ainda pior do que o soneto. A autoridade do mestre era  incontestável. Bocage levou essa forma poética a tal perfeição que fazia  o que bem queria com um soneto, tornando-se muito popular,  principalmente em improvisos satíricos e espirituosos, pelos quais é  conhecido.
AO DEUS DARÁ - Deixado de lado. 
Esta famosa frase serviu originalmente de resposta de quem não queria dar esmolas. Homens duros de coração.
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 Os 200 Anos da Chegada 
da Corte Portuguesa no Brasil
A celebração dos 200 anos da vinda da Família Real para o Brasil  vem ensejando também à mídia, múltiplas oportunidades de informar e  formar o leitor de como uma rainha louca, um príncipe medroso, uma  princesa intrigante e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a  História de Portugal e do Brasil, revelando toda a verdade do que foi  descoberto.
Tudo aquilo  que a escola não tem ensinado nas últimas décadas, do ensino fundamental  e do ensino médio, vem sendo suprido positivamente por outro tipo de  ensino a distância: aquele proporcionado pelos jornais, revistas,  livros, rádio, televisão, internet.
Considerando  as fortes tempestades enfrentadas no Atlântico, algumas naus vieram  diretamente para o Rio de Janeiro, enquanto aquela em que viajava Dom  João VI foi parar em Salvador. O então príncipe regente só chegaria ao Rio de Janeiro no dia sete de março de 1808.
Aqui seria  aclamado e coroado rei de Portugal, do Brasil e de Algarves, e passaria à  história como um rei bondoso, meio atrapalhado, irreverente, comedor  impulsivo de frango assado, com medo de tomar banho de mar, quando foi  em verdade, apesar de sua complexa personalidade, um soberano  inteligente, receptivo ao povo, com grande visão de estadista.
Ora, o próprio Napoleão reconheceu em Dom João VI um inimigo difícil de combater e que o príncipe português foi o único que não o venceu, mas o enganou.
Os livros  nos fazem crer que a vinda da Família Real foi uma fuga atabalhoada, mas  na realidade, o fato foi mesmo uma das maiores e mais estratégicas  retiradas, senão a maior, de toda a História.
O único  soberano que superou Napoleão em estratégia fundou o Brasil e abriu as  portas para o desenvolvimento nacional. Num tempo em que reis eram  depostos, humilhados, vencidos ou até decapitados. Dom João salvou a si  mesmo, a seus familiares, à Corte e, de alguma forma, também o povo  português e o brasileiro.
Quintos do Inferno
A expressão “quinto dos infernos”  foi aplicada a repulsa às condições climáticas e ao modo de vida no  Brasil pela rainha Carlota Joaquina, que não tinha o menor desejo de vir  para cá - e que, ao retornar para Portugal, fez questão de limpar os  sapatos ainda no cais, para tirar dos pés qualquer resquício de  lembrança da terra brasileira. Por ironia, foram os quintos do Brasil (o  imposto de 20% cobrado sobre o ouro da colônia) que sustentaram por  muito tempo a Monarquia Portuguesa.
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Dona Carlota Joaquina 
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Referências
↑ Manuel Amaral: Invasão de Junot (1807-1808)
↑ Cronologia das Invasões Francesas - 1807
↑ a b Mataram o rei - Exames comprovam que João VI, rei de Portugal, morreu envenenado com arsênico. Revista VEJA. 7 jun 2000
↑  Assassinato na corte - Pesquisadores portugueses comprovam que dom João  VI foi envenenado com doses altas de arsênico. Revista EPOCA, 5 jun  2000.