Em regimes totalitários – nos quais não há liberdade de informação - o poder é personificado na figura de um ditador forte e “sobre-humano”. Quando ele enfrenta algum
problema de saúde grave, a saída é empurrar a verdade para baixo do tapete e fingir que o tirano vai muito bem, obrigado. Trata-se de uma estratégia de marketing político para evitar que a oposição ganhe espaço e para manter intacta a imagem do “soberano”. Confira na lista abaixo os casos mais famosos de ditadores que mentiram sobre seu estado de saúde.
O caudilho anunciou que tem câncer em 30 de junho, após três semanas de mistério sobre o seu estado de saúde. Contudo, não foram divulgados detalhes sobre a doença, tratamento ou retorno à Venezuela. Em entrevista ao jornal americano The New York Times, o vice-presidente Elías Jaua disse que Chávez pode governar por até seis meses fora de seu país.
Até o anúncio, contudo, a Venezuela experimentou um clima de incerteza diante da
rocambolesca história sobre o estado de saúde do ditador, cujas versões variavam conforme a fonte. Desde que foi hospitalizado na capital cubana, em 10 de junho, o tiranete falastrão que dava pitaco em tudo e falava pelos cotovelos ficou em
silêncio, levantando rumores sobre seu estado de saúde.
O ditador do Iêmen não é visto em público desde o início do mês,
quando uma bomba explodiu na mesquita do palácio presidencial. Ele foi levado a Arábia Saudita para tratar os ferimentos. O ditador teve 40% do seu corpo queimado e ficou com um dos pulmões comprometido.
Muito já se especulou sobre o estado de saúde Saleh e sobre o seu retorno ao país. Contudo, as informações são divergentes e variam conforme a fonte.
A princípio, anunciou-se que o ditador
regressaria ao Iêmen após duas semanas de recuperação das duas cirurgias pelas quais passou. Poucos dias depois, o prognóstico
foi bem menos otimista, indicando que talvez não fosse possível cumprir o prazo, já que o governante não se recuperava tão bem.
O vácuo político agrava a crise no Iêmen. Há quatro meses, o país tem sido palco de
conflitos entre opositores do regime - que já dura 32 anos - e as tropas do governo. A revolta se intensificou em 23 de maio, com o início de combates entre forças leais ao presidente e partidários do influente xeque al-Ahmar, que se uniu à oposição.
O ditador da Coreia do Norte tem problemas cardíacos e diabetes. Em 2009, ele reapareceu em público na Assembleia Suprema do Povo após meses de ausência, suscitando rumores de que teve um derrame em agosto de 2008.
Atualmente com 69 anos, ele elevou a cargos de responsabilidade seu terceiro filho, Kim Jong-un, citado como o seu provável substituto à frente do regime comunista.
Pouco se sabe sobre o tirano, já que o país vive uma ditadura que limita a circulação de informações. Mas ele é visto no Ocidente como um playboy com hobbies cômicos. Diplomatas dissidentes do regime o descrevem como um homem paranoico e hipocondríaco que usa sapatos de plataforma para parecer mais alto do que os seus 1, 57 centímetros.
Em 2006, o ex-ditador que governou Cuba por quase cinco décadas, parou de aparecer em público devido a um câncer no intestino. Entretanto, o poder só
foi transferido a seu irmão, Raúl Castro, dois anos depois. Nesse meio tempo, o governo não se pronunciava sobre o estado de saúde do tirano, apenas falava em doença grave.
Fidel tomou o poder em 1959 com a Revolução Cubana e instaurou no país um regime comunista que levou a população à miséria. Em abril deste ano, entretanto, Raúl Castro foi oficializado como primeiro-secretário no lugar de Fidel no 6º Congresso do Partido Comunista de Cuba.
O sucessor finalmente admitiu que o
comunismo não funciona nem em uma ilha paradisíaca do Caribe e anunciou novas medidas para contornar a crise em que se encontra o país. Entre elas, estão a demissão de meio milhão de funcionários públicos e o fim do subsídio para alimentos e produtos de higiene.
O ditador que governou a China por 33 anos passou a não comparecer a algumas cerimônias públicas nos seus últimos meses de vida. Em junho de 1976, ele disse aos dirigentes do Partido Comunista que sabia de sua morte iminente - que, de fato, aconteceu três meses após o aviso, devido a um ataque cardíaco. Porém, a população não sabia de seu verdadeiro estado de saúde até esse momento.
Mao foi o fundador da República Popular da China e um dos mais famosos teóricos do comunismo do século 20, cujas políticas desastrosas aceleraram o declínio do país. Em 1958, ele lançou a política do “Grande Salto para a Frente”, com o objetivo de industrializar a China e matou de fome cerca de 20 milhões de pessoas.
Em 1966, com a política da “Revolução Cultural”, o tirano matou 1,5 milhão de pessoas com o objetivo de eliminar os “elementos impuros” do país e reviver o “espírito revolucionário”. Mesmo assim, ele é considerado um ícone na China, onde seu retrato ainda está exposto na Praça da Paz Celestial.
O ditador que governou o Egito por 18 anos tinha diabetes, problema nos pulmões e arteriosclerose, além de fumar três maços de cigarro por dia. Suas condições de saúde, contudo, eram desconhecidas pela população.
Quando ele morreu em 1970, devido a uma parada cardíaca, milhões de egípcios compareceram ao seu funeral em um luto coletivo. Eles lamentaram a perda de um homem, que acreditavam ser um mito, apesar de terem vivido quase 20 anos sob um regime autoritário, violento e alinhado à União Soviética.
Desde a década de 1950 até a sua morte, Nasser dominou a política do Egito e hipnotizou a população com seus discursos eletrizantes.O ditador era o símbolo do pan-arabismo (o sonho de uma nação árabe unida), que revelou-se, mais tarde, um fracasso.
O Brasil também possui um exemplo histórico de ditador que simulou um bom estado de saúde quando sofria de uma doença grave. Costa e Silva, que administrou uma das fases mais brutais da Ditadura Militar, sofreu um derrame cerebral em 1969 que levou à sua morte.
Quando era levado a um avião, ainda com vida, para ser atendido no Rio de Janeiro, os militares puseram um lenço sobre seu rosto para esconder o seu estado crítico de saúde. Durante três dias, fingiu-se que o tirano se tratava de um “forte resfriado”.
Durante seu mandato, o general fechou o Congresso Nacional e instaurou o Ato Institucional número 5 (AI-5), que suspendeu todas as liberdades democráticas e os direitos constitucionais, permitindo que a polícia investigasse, perseguisse e prendesse cidadãos sem mandado judicial.
Josef Stalin possuía problemas de saúde, não movimentava um braço, mas disfarçava e escondia tudo isso da população. Ele morreu em 1º de março de 1953 de hemorragia cerebral em seu quarto. Como ninguém podia entrar no aposento sem sua autorização prévia, Stalin só foi descoberto agonizante e à beira da morte no final do dia.
As autoridades da União Soviética ficaram planejando o que fazer após a morte de Stalin e o deixaram 14 horas sem socorro. A morte do líder da União Soviética só foi divulgada em 6 de março.
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/8-ditadores-que-omitiram-doencas-para-se-manter-no-poder